Faz mais de vinte e quatro horas que não o vejo. Sinto o cheiro da água da chuva, que caiu na sexta-feira passada, misturado com a ferrugem do portão. Lembro de ter que fazer os exercícios da página cinqüenta à cinqüenta e seis do livro de português para entregar na segunda que vem, e, ainda ouço, há quarenta minutos, a empolgante Fly On The Wall sem parar na minha cabeça. Mas não o vejo, em nenhum canto dos meus esquisitos pensamentos vejo o cara que fitava intensamente, sem se importar com nada à sua volta, a densa camada de água que caía sobre sua metrópole. Só o vi duas vezes, ontem e em um sonho que tive há algum tempo.
Seis minutos depois, ao som de Poppin' Champagne, uma voz - agora irritante - me faz ficar alerta.
Dominique, Dominique... tá me ouvindo?
- Ah, oi. Desculpe, o que disse? - perguntou.
Dominique? É esse o nome do estranho aparentemente individualista? A voz de "Dominique" não me é famíliar.
- Não disse nada, é justamente isso que gostaria de falar. Olha, só nos conhecemos há poucas semanas mas depois daquela confusão com...
- Eu sei como nos conhecemos Margari, não precisa me lembrar. - ele diz numa voz monótona. Eu ri, ele é meio esquentado.
- Não precisa ser grosso, é que só queria ajudar e parecia que você queria alguém pra conversar então... - sugeriu Margari.
- Não preciso de ajuda. - ele a deixa parada, estática, com tamanha falta de cordialidade e segue a passos rápidos para longe da mulher curiosa de voz irritante.
O corredor é extenso, espelhos de todas as formas e diversos tamanhos prenchem as paredes de tom pastel. Das três portas ele entra na última a batendo ruidosamente. Margari - até então esquecida por mim - vai até a porta e o ameaça dizendo que se não abrisse ela chamaria reforços e a porta iria ao chão. Me questiono sobre a relação, tanto antes como durante a tal confusão, dos dois. Eles não se conhecem há muito tempo, logo, ela não é irmã nem da família. Ele exagerou quando quis deixar claro que não era problema dela o fato dele não estar prestando atenção enquanto conversavam. Então, namorados eles não são.
Me frustra o fato de não poder entrar na minha imaginação, ah é, se isso fosse mesmo minha imaginação eu estaria lá sim, entraria e sairia daquele pequeno apartamento e perguntaria - ou tentaria - a Dominique o porque dele ser quieto e pensativo. Provavelmente algum trauma de infância, problemas com a família ou no seu relacionamento amoroso, no trabalho, com esses vizinhos, vai saber. Ou pode ser a tal Margari, ela parece ser daquele tipo que tentar ajudar as pessoas apenas para saber mais da vida alheia, assim como fazem suas vizinhas idosas.
Seis minutos depois, ao som de Poppin' Champagne, uma voz - agora irritante - me faz ficar alerta.
Dominique, Dominique... tá me ouvindo?
- Ah, oi. Desculpe, o que disse? - perguntou.
Dominique? É esse o nome do estranho aparentemente individualista? A voz de "Dominique" não me é famíliar.
- Não disse nada, é justamente isso que gostaria de falar. Olha, só nos conhecemos há poucas semanas mas depois daquela confusão com...
- Eu sei como nos conhecemos Margari, não precisa me lembrar. - ele diz numa voz monótona. Eu ri, ele é meio esquentado.
- Não precisa ser grosso, é que só queria ajudar e parecia que você queria alguém pra conversar então... - sugeriu Margari.
- Não preciso de ajuda. - ele a deixa parada, estática, com tamanha falta de cordialidade e segue a passos rápidos para longe da mulher curiosa de voz irritante.
O corredor é extenso, espelhos de todas as formas e diversos tamanhos prenchem as paredes de tom pastel. Das três portas ele entra na última a batendo ruidosamente. Margari - até então esquecida por mim - vai até a porta e o ameaça dizendo que se não abrisse ela chamaria reforços e a porta iria ao chão. Me questiono sobre a relação, tanto antes como durante a tal confusão, dos dois. Eles não se conhecem há muito tempo, logo, ela não é irmã nem da família. Ele exagerou quando quis deixar claro que não era problema dela o fato dele não estar prestando atenção enquanto conversavam. Então, namorados eles não são.
Me frustra o fato de não poder entrar na minha imaginação, ah é, se isso fosse mesmo minha imaginação eu estaria lá sim, entraria e sairia daquele pequeno apartamento e perguntaria - ou tentaria - a Dominique o porque dele ser quieto e pensativo. Provavelmente algum trauma de infância, problemas com a família ou no seu relacionamento amoroso, no trabalho, com esses vizinhos, vai saber. Ou pode ser a tal Margari, ela parece ser daquele tipo que tentar ajudar as pessoas apenas para saber mais da vida alheia, assim como fazem suas vizinhas idosas.
ôi mabbe perfeição (L)
ResponderExcluirlindo de morrer seu blog e seu texto, pra variar né? :*
te adooooooro muito!