terça-feira, 22 de setembro de 2009

Néon

Dentre as mil e uma coisas que eu detesto e me irritam está o fato: chamar atenção!

Não eu, lógico, faço parte da paisagem.

Mas a absurda necessidade que algumas pessoas tem de sempre quererem e fazerem de tudo pra estar em foco. O pior é que não tentam chamar atenção fazendo algo construtivo - o que é impossível já que pessoas inteligentes não tendem a fazer esse tipo de coisa -, estão sempre fazendo besteiras, burradas e me irritando bastante.

Analise a seguinte situação:

Joãozinho está jogando bola com os amiguinhos da rua. Pedrinho faz um gol e é aplaudido pelos companheiros de seu time e até do time adversário por ter feito um belo gol. Joãozinho é do time de Pedrinho. Mas o explêndido gol de Pedrinho o fez ficar em evidência. Joãozinho não gostou disso. Joãozinho então querendo estar no centro das atenções continua a jogar bola e finge cair machucando "gravemente" o tornozelo. Logo, todos os seus amiguinhos e pessoas que assistiam foram acudir Joãozinho.

Concluímos que:

1 - Ora, que coisa feia Joãozinho, deixa o Pedrinho brilhar, ele ao menos foi mais inteligente que você.

2 - Precisava disso? Fingir que caiu e machucou o tornozelo? Era só fazer, ou tentar fazer, um gol melhor que o de Pedrinho.

Tenho que adimitir que Joãozinho é muito mais inteligente que muitas pessoas que observo. Ai se as coisas fosse do meu jeito.

Sempre soube que não viveria muito, talvez só o bastante pra realizar um grande feito, algo que fará as pessoas lembrarem de mim daqui a 50,80,200 anos.

O mais angustiante e irritante é hoje, aos 16 anos, eu ainda não saber o que quero. Na verdade eu sei, mas tenho medo de ir atrás do que quero e constatar que o que eu quero, agora, é bobagem. Porque é sempre assim, quando consigo algo que quero muito, com o tempo - pouquíssimo tempo, devo ressaltar -, acabo enjoando e deixando de lado.

Por exemplo, no momento estou tentando escrever um livro. Tenho o roteiro perfeito, as personagens perfeitas, um final explêndido e diálogos interessantíssimos, praticamente um Best Seller! Algo me impede de escrevê-lo, talvez eu deva tentar escrevê-lo em primeira pessoa? É, talvez.

O mais engraçado é que a única coisa que me empurra pra frente são as frases do orkut, porquê coincidentemente ou não (destino?) elas me dizem o que devo saber agora.

A de hoje é: Se o destino diz que você é um perdedor, pregue uma boa peça nele

domingo, 12 de abril de 2009

Ilustrando Devaneios - Dominique

Faz mais de vinte e quatro horas que não o vejo. Sinto o cheiro da água da chuva, que caiu na sexta-feira passada, misturado com a ferrugem do portão. Lembro de ter que fazer os exercícios da página cinqüenta à cinqüenta e seis do livro de português para entregar na segunda que vem, e, ainda ouço, há quarenta minutos, a empolgante Fly On The Wall sem parar na minha cabeça. Mas não o vejo, em nenhum canto dos meus esquisitos pensamentos vejo o cara que fitava intensamente, sem se importar com nada à sua volta, a densa camada de água que caía sobre sua metrópole. Só o vi duas vezes, ontem e em um sonho que tive há algum tempo.

Seis minutos depois, ao som de Poppin' Champagne, uma voz - agora irritante - me faz ficar alerta.

Dominique, Dominique... tá me ouvindo?

- Ah, oi. Desculpe, o que disse? - perguntou.


Dominique? É esse o nome do estranho aparentemente individualista? A voz de "Dominique" não me é famíliar.

- Não disse nada, é justamente isso que gostaria de falar. Olha, só nos conhecemos há poucas semanas mas depois daquela confusão com...

- Eu sei como nos conhecemos Margari, não precisa me lembrar. - ele diz numa voz monótona. Eu ri, ele é meio esquentado.

- Não precisa ser grosso, é que só queria ajudar e parecia que você queria alguém pra conversar então... - sugeriu Margari.

- Não preciso de ajuda. - ele a deixa parada, estática, com tamanha falta de cordialidade e segue a passos rápidos para longe da mulher curiosa de voz irritante.


O corredor é extenso, espelhos de todas as formas e diversos tamanhos prenchem as paredes de tom pastel. Das três portas ele entra na última a batendo ruidosamente. Margari - até então esquecida por mim - vai até a porta e o ameaça dizendo que se não abrisse ela chamaria reforços e a porta iria ao chão. Me questiono sobre a relação, tanto antes como durante a tal confusão, dos dois. Eles não se conhecem há muito tempo, logo, ela não é irmã nem da família. Ele exagerou quando quis deixar claro que não era problema dela o fato dele não estar prestando atenção enquanto conversavam. Então, namorados eles não são.

Me frustra o fato de não poder entrar na minha imaginação, ah é, se isso fosse mesmo minha imaginação eu estaria lá sim, entraria e sairia daquele pequeno apartamento e perguntaria - ou tentaria - a Dominique o porque dele ser quieto e pensativo. Provavelmente algum trauma de infância, problemas com a família ou no seu relacionamento amoroso, no trabalho, com esses vizinhos, vai saber. Ou pode ser a tal Margari, ela parece ser daquele tipo que tentar ajudar as pessoas apenas para saber mais da vida alheia, assim como fazem suas vizinhas idosas.

Ilustrando Devaneios

Tenho a sua atenção? Obrigada.

Tento contar uma grande história mas só saem pequenos trechos, tenho escrever pequenos trechos e só saem algumas frases, há pouco tentei pequenas frases e relatei devaneios que na verdade são memórias irreais. A complexidade das minhas anotações não é incoerência, acredito que mudanças constantes de humor e pensamentos que tanto afligem pessoas como eu, se isso tiver nome, se assemelha a bipolaridade.

Para provar tamanha descrença que provavelmente você terá após ler esse pequeno parágrafo, eis um pequeno relato:

Neste exato momento, em algum lugar muito distante da minha sempre criativa imaginação, um certo alguém que não consigo identificar está sentado sobre o parapeito de uma antiga janela num dia nublado contemplando a densa camada de água que cai sobre sua grande metrópole. Ele(a) sente-se sozinho(a), como se fosse o único ser vivo na superfície - pelo menos até onde sua vista alcança -, e, embora esteja rodeado de vizinhos e conhecidos que preparam uma festa de boas vindas para o amigo de algum deles, ele(a) não se importa, afinal só será mais um que passará momentaneamente quase despercebido na sua vida. Ele(a) sabe que o sujeito que está se mudando para casa do seu conhecido só mora há duas ruas dalí e que, à essa altura já sabe da tal festa, graças as fofocas daquelas tão comuns senhoras que não conseguem preservar um segredo até a hora em que avistam algum inocente ou à alguma outra de sua espécie.

Ouve seu nome ser chamado e olha na direção da bela moça que sorri amigavelmente. Agora o reconheço, ele esteve em um dos meus sonhos, chega a ser patética a minha conclusão, mas se ele está em um ponto fixo da minha mente é porque já o vi em algum lugar, mesmo que em algo tão simbólico quanto um sonho. Ele não sorri, não demonstra nenhuma emoção, só diz numa voz monótona "Quer a minha ajuda?", então a mulher já então acostumada com a falta de interesse do rapaz, para com tudo e todos, responde não mais amigavelmente e seu tom chega a ser hostil "Não, só queria saber se você ainda estava respirando". Dá de ombros e volta a fitar a chuva, e eu me pergunto, será que ele também olha sem realmente enxergar? Talvez ele seja como pessoas iguais à mim, pessoas que de tão sonhadoras e expeculativas que são, chegam a parecer esquizofrênicas e paranóicas; imaginando e criando teorias sobre o mundo - o nosso próprio - fazer um outro tipo de rotação em algum outro sistema no qual o Sol não é uma estrela nem o centro de tudo. Pensando bem não há e nunca haverá uma estrela, nesse mundo só há nós mesmos no centro de tudo, somos o sol e é você quem seguirá uma órbita à nossa volta. Egoísmo? Não, acredito que não, talvez algum especialista em determinada área de saúde deva explicar bem que tipo de pessoas somos.

Ele continua a olhar intensamente a chuva não mais tão forte como antes e eu continuo a observá-lo.
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