domingo, 29 de janeiro de 2012

Pedro Almodóvar - La Flor de Mi Secreto

Imagem: Google Imagens/Reprodução
La Flor de Mi Secreto
Direção: Pedro Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar
Ano: 1995/Espanha
Gênero: Drama
Elenco: Marisa Paredes, Juan Echanove, Carmen Elias, Rossy de Palma

Sinopse: Leo Macias (Marisa Paredes) é uma romancista que escreve histórias de 2ª categoria e consegue certo sucesso, mas se esconde sobre o pseudônimo de Amanda Gris. Paralelamente ela se sente infeliz, pois Paco (Imanol Arias), seu marido, é um militar que está sempre no exterior. Quando seu casamento começa a entrar em crise Leo se vê entrando em desespero, o que a leva para a bebida e a parar de escrever seus contos. Porém algumas surpresas estão reservadas para ela.

Opinião: Acabei de perder tudo o que tinha escrito sobre o filme não salvando ¬¬'... bom, de todos os filmes do cineasta que já vi, este foi o que menos empolgou e surpreendeu, mas a fotografia e a trilha sonora (principalmente a trilha!) estavam perfeitas, como sempre. É um filme sobre segredos mais sem segredos e bastante óbvio, o que não é comum em seus filmes. Também não é comum mulheres fragéis e dependentes...

Mesmo eu não tendo gostado muito do filme é inegável sentir a paixão por cinema de Almodóvar, pois mesmo não agradando  me tocou pelo acabamento perfeito e harmonia de imagens, música e texto. Além dos elementos surpresas e de revelações chocantes do passado das personagens, o que mais me encanta é a forma como as mulheres são apresentadas, e neste foi decepcionante. Uma mulher bem sucedida, que ajuda a mãe, a irmã, a empregada, o filho da empregada e blábláblá, mas que é totalmente dependente do afeto do marido e que de tão sensível só olha pra dentro de si e não consegue ver que seu marido a trai com a melhor amiga. Sim, Leo teve um final feliz, mas sofreu consideravelmente - e desnecessariamente - até então.

Se não bastasse ser mediocremente dependente do afeto de Paco (adoro adjetivos tanto quanto José Dias os superlativos) nossa protagonista escreve romances de banca "com condomínios de luxo, finais felizes e sem consciência social", pois é, Pedro errou a mão... Mas nem tudo são espinhos, gostei da quase metalinguagem ao abordar a "realidade" e confesso que penso muito parecido com a editora de Leo, mas há formas muito mais inteligentes (um bom filme, por exemplo) de se fugir da realidade do que perder tempo com livros de banca. Tinha escrito mais coisas, mas vou ficar por aqui e lembrar de depois de escrever qualquer frase salvar o documento haha.

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução

Quotes

Quem sonha com pessoas que vivem num bairro miserável que não ajudam ninguém, autênticos mortos vivos? Quem vai se identificar com uma protagonista que passa o dia a limpar a merda dos doentes de um hospital?
Realidade temos de sobra em nossas casas. A realidade é para os jornais e para a televisão. E veja só o resultado: por causa de tanta realidade, o país está prestes a explodir! A realidade devia ser proibida!
Não sei escrever romances cor-de-rosa. Tudo sai escuro. Eu tento, mas cada página sai mais escura.
- Pensei que fosse especialista em conflitos.
 - Sim, mas não há guerra que se compare a você.

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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

George Orwell - A Revolução dos Bichos

Foto: Maiara Alves
Animal farm: a Fairy Story
Autor(a): George Orwell
Editora (Br): Companhia das Letras
Páginas: 152
Gênero: Literatura Estrangeira/Romance

Sobre: Cansados da exploração a que são submetidos pelos humanos, os animais da Granja do Solar rebelam-se contra seus donos e tomam posse da fazenda, com o objetivo de instituir um sistema cooperativo e igualitário, sob o slogan "Quatro pernas bom, duas pernas ruim". Mas não demora muito para que alguns bichos - em particular os mais inteligentes, os porcos - voltem a usufruir de privilégios, reinstituindo aos poucos um regime de opressão, agora inspirado no lema "Todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros". A história da insurreição libertária dos animais é reescrita de modo a justificar a nova tirania, e os dissidentes desaparecem ou são licenciados à força. Instrumentalizada na época da Guerra Fria como arma anticomunista, A revolução dos bichos transcende os marcos históricos da ditadura stalinista que a inspirou e resplandece hoje, passados mais de sessenta anos de seu surgimento, como uma das mais extraordinárias fábulas sobre o poder que a literatura já produziu.

Opinião: ...mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco é, sem dúvida, a frase mais marcante do livro e a que vai ficar pra sempre em minha memória. A Revolução dos Bichos é uma fábula estrategicamente maliciosa e bem escrita, que vai muito além de qualquer preferência política. O autor - talvez "sem querer querendo" - mostra como lidamos com o poder; também as conseqüências da falta de conhecimento e uma cutucada na metodologia positivista.

Trotsky e Stálin à parte, acredito que a obra deve ser analisada, e os leitores devem lê-la, observando o comportamento dos animais mediante as situações pré e pós "revolução", pois Orwell criou um "cosmo" onde há (perdoe-me a simplificação) uma representação quase que universal de uma sociedade de, pelo menos, uma metrópole - da época aos dias de hoje, talvez até atemporal ouso dizer. Napoleão sucumbe às sensações prazerosas que o poder proporciona e passa agir tal, ou pior, seu inimigo indo contra seus próprios ideais e princípios. Os animais são manipulados pela falta de interesse em conhecer seus direitos e assim, conseqüentemente, os porcos conseguem manipulá-los. Exatamente como acontece conosco...

Não sei se talvez pela "preferência política", por assim dizer, o autor critique veemente a metodologia positivista. Pelo menos A Revolução dos Bichos e 1984, as duas únicas obras que li do autor (ainda não terminei 1984) a "cutucada" está presente na manipulação dos documentos "achados" por Napoleão que comprovam a suposta e descabida traição e as armações de Bola-de-Neve. Em suma, é claro que o livro pode ser lido sob outra óticas diferentes, mas é interessante demais pra se restringir à política, mesmo porque até esse ponto de vista é tendencioso, já que a idéia do autor não era exatamente esta... enfim, muitas questões que podem gerar boas discussões e talvez até novas perspectivas.



Quotes

Então, camaradas, qual é a natureza desta nossa vida? Enfrentemos a realidade: nossa vida é miserável, trabalhosa e curta. Nascemos, recebemos o mínimo alimento necessário para continuar respirando, e os que podem trabalhar são exigidos até a última parcela de suas forças; no instante em que nossa utilidade acaba, trucidam-nos com hedionda crueldade. Nenhum animal na Inglaterra sabe o que é felicidade ou lazer após completar um ano de vida. Nenhum animal na Inglaterra é livre. A vida do animal é feita de miséria e escravidão: essa é a verdade nua e crua.
(pág 12)

Lembrai-vos também de que na luta contra o Homem não devemos ser como ele. Mesmo quando o tenhais derrotado, evitai-lhe os vícios...Todos os hábitos do Homem são maus. E principalmente, jamais um animal deverá tiranizar outros animais. Fortes ou fracos, espertos ou simplórios, somos todos irmãos. Todos os animais são iguais.
(pág 15)


"Camarada", explicou Bola-de-Neve, "essas fitas que você tanto estima são o distintivo da servidão. Não vê que a liberdade vale mais que laços de fita?"

(pág 20)

A asa de uma ave, camaradas, é órgão de propulsão, e não de manipulação. Deveria ser vista mais como uma perna. O que distingue o Homem é a mão, o instrumento com que ele perpetra toda a sua maldade.

(pág 32)

Não sabiam o que era mais chocante, se a traição dos animais que se haviam acumpliciado com Bola-deNeve ou a cruel repressão ali presenciada. Nos velhos tempos, eram frequentes as cenas de sangue, igualmente horripilantes, entretanto agora lhes pareciam ainda piores, uma vez que ocorriam entre eles mesmos. Desde que Jones deixara a fazenda até aquele dia, nenhum animal matara outro animal.

(pág 71)

As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco.

(pág 112)

domingo, 22 de janeiro de 2012

Bernardo Bertolucci - The Dreamers

Imagem: Google Imagens/Reprodução
The Dreamers
Direção: Bernardo Bertolucci
Roteiro: Gilbert Adair
Ano: 2003/França-Itália-EUA
Gênero: Drama
Elenco: Michael Pitt, Louis Garrel, Eva Green, Robin Renucci

Sinopse: Matthew (Michael Pitt) é um jovem que, em 1968, vai estudar em Paris. Lá ele conhece os irmãos gêmeos Isabelle (Eva Green) e Theo (Louis Garrel). Os três logo se tornam amigos, dividindo experiências e relacionamentos enquanto Paris vive a efervescência da revolução estudantil.

Opinião: De 1 à 10? 1.000! Esperava um filme sobre o Maio de 1968, mas o evento que teve grande influência para a estratificação no modo de se fazer história com a famosa, principalmente para os brasileiros, terceira geração dos Annales é apenas uma desculpa para o incomum triângulo amoroso. Não é chocante, não entendo como sexo e o corpo humano pode ser chocante: todo mundo toma banho pelado e todo mundo tem relações sexuais.

Certa vez, dois colegas, em momentos distintos, disseram-me que revolução é andarmos nus. A roupa, segundo um colega (que havia lido em alguma obra de algum filósofo que não lembro agora), é instrumento de repressão, pois nos limita e não nos permite sermos como realmente somos. Assim é o sexo como tabu, assim como foram as relações sexuais apenas como modo de reprodução para as mulheres - onde não lhes era permitido sentir prazer, por um longo período na História. Então, realmente, não acho que Bertolucci quis causar com o filme, é preciso estudar e procurar entender melhor o que o sexo e o nudismo na nossa sociedade representa. Glauber Rocha disse que O Último Tanto em Paris "não é arte, é pornografia", discordo e pretendo estudar pra argumentar meu ponto de vista, pois acredito que Bertolucci não faz seus filmes por acaso, temos que ver muito além das imagens.

A excêntricidade dos gêmeos, o modo como eles enxergam o mundo em paralelo com o mundo do cinema é o ponto mais interessante e marcante no filme, acho que todo viciado em filme gostaria de imitar cenas de seus filmes favoritos nas suas locações, isto é quase uma lei universal para os "cinéfilos" haha. A Isabelle de Eva Green é a personagem que mais se destaca nos comentários pela internet, mas, logicamente, caí de amores pelo introspectivo, e tão excêntrico quanto, Theo e muito mais por Louis Garrel: tô louca atrás de seus filmes pra assistir!

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução

Quotes
Provavelmente queríamos ser os primeiros em que as imagens chegavam, quando elas ainda estavam novas, ainda frescas, antes que saltassem para as cercas das filas seguintes. Antes de se espalharem de fila em fila, de espectador em espectador até que se esgotassem, em segunda mão, do tamanho de um selo, voltávamos para a cabine do projetista.

Um cineasta é como um olheiro, um voyeur. É como se a câmera fosse a fechadura do quarto de seus pais.

Quando se quer, não existe o amor. Existem provas de amor.

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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Krzysztof Kieslowski - Trois couleurs: Rouge


Imagem: Google Imagens/Reprodução
Trois couleurs: Rouge
Direção: Krzysztof Kieslowski
Roteiro: Krzysztof Kieslowski
Ano: 1994/França-Polônia-Suíça
Gênero: Drama
Elenco: Irene Jacob, Jean-Louis Trintignant, Zbigniew Zamachowski, Jean-Pierre Lorit

Sinopse: Uma modelo (Irène Jacob) atropela o cão de um juiz aposentado (Jean-Louis Trintignant), que tem o estranho hábito de ouvir as conversas telefônicas de outras pessoas. Este fato será o ponto de partida para uma singular amizade.

Opinião: Doce e otimista, e talvez o mais próximo do Liberté, Egalité, Fraternité na minha muitas vezes estranha percepção. Rousseau, por alguns segundos, deu ar de sua graça assim como o fofíssimo Karol Karol, Julie e Dominique. Preisner, ou melhor, Van den Budenmayer e suas composições perfeitas estavam lá também, mas seria perfeito se a trilha fosse de Yann Tiersen desta vez.

Irène Jacob é uma fofa com sua expressão melancólica/triste/sonhadora, mas Jean-Louis Trintignant lhe tirou a atenção por ser "o cara nojento" que espiona ligações telefônicas alheias mais doce e meigo ever haha. É um daqueles personagens que mesmo com alguns desvios de conduta o espectador torce pra que se dê bem - ou por ser divertido, por nos indentificarmos ou por não serem pessoas ruins como aparentam ser. Por algum momento pensei que ele fosse o Michel, depois pensei ser o Auguste e adorei que o diretor não o tenha mostrado (ou não, do jeito que Kieslowski é bem capaz dele ter passado por perto de Valentine ou até mesmo de Auguste).

A velhinha na sua eterna saga de colocar o a garrafa no lixo finalmente foi notada por pelo menos uma das protagonistas, ufa! Uma das coisas mais interessantes sobre os filmes de Kieslowski é a proximidade entre personagens que não se relacionam e que por um motivo importante acabam se conhecendo/encontrando depois. Sobre a velhinha ele disse que foi algo que havia observado e sobre essa proximidade - que acontece constantemente nas nossas vidas - acredito que também tenha sido este o caso. É maravilhoso para leigos sensíveis, queria entender de cinema para poder apreciar melhor a trilogia e as outras obras do diretor.


Imagem: Google Imagens/Reprodução

Imagem: Google Imagens/Reprodução
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sábado, 7 de janeiro de 2012

Krzysztof Kieslowski - Trois couleurs: Blanc

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Trois couleurs: Blanc
Direção: Krzysztof Kieslowski
Roteiro: Krzysztof Kieslowski, Krzysztof Piesiewicz
Ano: 1994/França-Polônia-Suíça
Gênero: Drama
Elenco: Zbigniew Zamachowski, Julie Delpy, Janusz Gajos, Jerzy Stuhr, Aleksander Bardini, Grzegorz Warchol, Cezary Harasimowicz

Sinopse: Segunda parte da Trilogia das Cores, de Kieslowski, na qual trata dos temas e cores nacionais da França: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Aqui, o polonês Karol casa-se com a francesa Dominique e muda-se para Paris. Pouco depois ela pede divórcio, e ele passa a viver como mendigo. Voltando à para Polônia, Karol enriquece mas ainda é apaixonado por Dominique. Só que a raiva ainda é grande e ele trama uma inusitada vingança.

Opinião: Preisner me encantando outra vez, repeti os créditos finais no mínimo seis vezes e acredito que vou passar o resto do dia escutando-o. A Igualdade é Branca é divertido, até Preisner soou alegre ou foi impressão minha? Não, acho que a saga de Karol e todas as coisas estranhas, engraçadas e inusitadas que lhe acontecem  fizeram da melancólica música de Preisner, talvez, uma boa trilha para uma comédia.

Pra quebrar a tristeza de A Liberdade é Azul, talvez o diretor tenha propositalmente nos mostrado que os problemas/contratempos comuns à todos na vida não resulte em apenas tentativas frustradas de suicídio. Karol Karol enfrenta de uma forma cômica e inteligentemente planejada seus problemas: supera-os e até se vinga de quem os causou. Eu costumo rir de coisas que a maioria das pessoas não acham graça, ri muito no filme e não vejo como não ser classificado como comédia... Karol ser cabeleireiro, impotente, perder todo o dinheiro, viajar numa mala, a mala ser roubada, ser assaltado depois de sair da mala, se tornar segurança (tive um ataque de risos nesta hora), enriquecer, forjar sua morte e se vingar brilhantemente da ex-esposa pondo todos os bens pra ela num testamento e fazendo dela suspeita de sua morte é no mínimo muito engraçado. Como tudo isso, com Preisner ao fundo, não pode ser classificado como comédia?

Se formos analisar os precedentes do diretor a fotografia deixou a desejar, sério, cadê aquele show de imagens e cores de A Dupla Vida de Veronique? Tô decepcionada, mas pelos artigos que li sobre Rouge, o último filme da trilogia, ele volta a impressionar. Zbigniew Zamachowski super carismático, ao contrário de Julie Delpy que quase me fez desistir de ver o filme pois não consigo simpatizar com sua pessoa, mesmo depois de várias boas recomendações até hoje não consegui ver Before Sunrise e Before Sunset. Enfim, Karol Karol e Preisner – e o fato de ser uma obra de Kieslowski, é claro – fazem valer a pena os quase 88 minutos de filme.

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução
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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Krzysztof Kieslowski - Trois couleurs: Bleu

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Trois couleurs: Bleu
Direção: Krzysztof Kieslowski
Roteiro: Krzysztof Kieslowski, Krzysztof Piesiewicz
Ano: 1993/França
Gênero: Drama
Elenco: Juliette Binoche, Benoít Régent, Floence Pernel, Charlotte Very

Sinopse: Após um trágico acidente em que morrem o marido e a filha de uma famosa modelo (Juliette Binoche), ela decide por renunciar sua própria vida. Após uma tentativa fracassada de suicício, ela volta a se interessar pela vida ao se envolver com uma obra inacabada de seu marido, que era um músico de fama internacional.

Opinião: Confesso que não me empolgou muito como A Dupla Vida de Veronique, acho que por não entender o sentimento de Julie e não ter visto ainda as duas outras obras da série - talvez faça mais sentido já que as histórias, de uma certa forma, se completam.Também não posso falar hoje com propriedade se há algum tipo de relação efetiva com o Liberté, Egalité, Fraternité já que nunca estudei Revolução Francesa na escola (pois é!) e aindam faltam quase três semestres pra Contemporânea, então vou anotar pra não esquecer de rever a trilogia e poder refletir melhor sobre o filme daqui a um ano.

As histórias de Kieslowski - baseado nestes dois filmes que vi - tratam de questões muito pessoais que para o público comum (eu) fica um pouquinho complicado entender a idéia do diretor/escritor. Desde a 5ª série na aula de Artes soube que azul é a cor dos sentimentos, "Picasso pintava azul quando estava triste..." dizia minha professora, o álbum Ciano da banda Fresno (que já foi uma das minhas bandas preferidas) "se chama ciano pois é uma variação do azul, uma cor que representa bem os sentimentos" dizia Lucas Silveira em alguma revista adolescente. Toda a tristeza de se perder um companheiro e uma filha, e posteriormente saber que este marido a traía, fez do azul, então, o título do filme e a cor perfeita pra contar a história de Julie.

O diretor conseguiu passar a dor de Julie pro espectador, pelo menos eu, que nunca perdi um parente próximo muito menos um marido e uma filha, tive uma breve idéia do sentimento que nos toma numa situação desta. A fotografia é razoável, não tão boa quanto A Vida Dupla de Veronique. Quase não há diálogos e desta vez as imagens não compensaram, apenas a música. A música, aliás... o Kitsch estaria para Almodóvar como a música pra Kieslowski? Bom, não sei, mas ambos - música e kitsch - se mostram importantíssimos em suas obras. Fiquei viciada em Preisner, ontem dormi ouvindo Mi Mineur e a tendência é o vício "piorar" (meus vícios são tão bons!) quando ver o restante dos filmes.


Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução
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Quotes
“Por que chora?”
“Porque a senhora não chora.”

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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Krzysztof Kieslowski - La Double Vie de Véronique

Imagem: Google Imagens
La Double Vie de Véronique
Direção: Krzysztof Kieslowski
Roteiro: Krzysztof Kieslowski, Krzysztof Piesiewicz
Ano: 1991/França-Noruega-Polônia
Gênero: Drama/Romance/Fantasia
Elenco: Irène Jacob, Philippe Volter

Sinopse: Veronika vive na Polônia. Veronique vive em Paris. Elas não se conhecem. Veronika consegue uma vaga em uma escola de música, trabalha duro, mas tem um colapso em sua primeira performance e morre. Neste ponto, a vida de Veronique parece mudar e ela decide não ser mais seguir a carreira musical. Filme vencedor do prêmio de melhor atriz (I. Jacob), prêmio FIPRESCI e prêmio do júri ecumênico no Festival de Cannes. 

Opinião:  É tão lindo! Lindo, lindo, lindo, lindo é o único adjetivo que me vem à mente pra caracterizar este filme. Sabe aqueles filmes que conseguem mudar ou tocar em algo bem profundo dentro da gente? Ou melhor, talvez este sentimento que não saibamos descrever, mas que ainda sim está lá, é simplesmente a metafísica do Kieslowski ultrapassando às telas e atingindo o espectador. Bem verdade que a película seria mais perfeita se o roteiro fosse mais coerente - como os de Almodóvar o são, por exemplo -, mas a música (me apaixonei por música lírica *-*), as personagens, o cenário e a fotografia são divinos. É muito cedo pra classificar o Kieslowski como um dos meus favoritos?

Adoro histórias que tratam do ser humano psíquica e socialmente, mas por mais que A Vida Dupla de Veronique seja melancólico e mostre intrínsecamente essas duas(?) mulheres, acredito que o filme vai além de qualquer análise psicológica. Também não sei descrever sobre o que eu acho que é o filme, talvez quando tiver estudando filosofia, e depois de ter estudado psicologia, eu possa descrever melhor minha opinião, mas se eu pudesse comparar, mais ou menos, o filme me despertou as mesmas emoções que A Árvore da Vida. Não obstante, me lembrou O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Não sei se por causa da fotografia ou pela singularidade de suas protagonistas. Será que Jeunet se inspirou em Kieslowski? E quais as referências Kieslowski? Em suma é maravilhoso: imagens lindas, uma soudtrack perfeita... poesia de imagens.

Nenhuma quote chamou minha atenção, acredito que as cenas foram tão bem montadas que Piesiewicz e Kieslowski não se importaram muito com os diálogos haha. Uma das cenas mais emocionantes foi o balé de bonecos do Fabbri, mas não menos importante a morte de Veronika com aquela orquestra e aquela música linda.




Imagem: Google Imagens/Reprodução
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