quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

George Orwell - A Revolução dos Bichos

Foto: Maiara Alves
Animal farm: a Fairy Story
Autor(a): George Orwell
Editora (Br): Companhia das Letras
Páginas: 152
Gênero: Literatura Estrangeira/Romance

Sobre: Cansados da exploração a que são submetidos pelos humanos, os animais da Granja do Solar rebelam-se contra seus donos e tomam posse da fazenda, com o objetivo de instituir um sistema cooperativo e igualitário, sob o slogan "Quatro pernas bom, duas pernas ruim". Mas não demora muito para que alguns bichos - em particular os mais inteligentes, os porcos - voltem a usufruir de privilégios, reinstituindo aos poucos um regime de opressão, agora inspirado no lema "Todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros". A história da insurreição libertária dos animais é reescrita de modo a justificar a nova tirania, e os dissidentes desaparecem ou são licenciados à força. Instrumentalizada na época da Guerra Fria como arma anticomunista, A revolução dos bichos transcende os marcos históricos da ditadura stalinista que a inspirou e resplandece hoje, passados mais de sessenta anos de seu surgimento, como uma das mais extraordinárias fábulas sobre o poder que a literatura já produziu.

Opinião: ...mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco é, sem dúvida, a frase mais marcante do livro e a que vai ficar pra sempre em minha memória. A Revolução dos Bichos é uma fábula estrategicamente maliciosa e bem escrita, que vai muito além de qualquer preferência política. O autor - talvez "sem querer querendo" - mostra como lidamos com o poder; também as conseqüências da falta de conhecimento e uma cutucada na metodologia positivista.

Trotsky e Stálin à parte, acredito que a obra deve ser analisada, e os leitores devem lê-la, observando o comportamento dos animais mediante as situações pré e pós "revolução", pois Orwell criou um "cosmo" onde há (perdoe-me a simplificação) uma representação quase que universal de uma sociedade de, pelo menos, uma metrópole - da época aos dias de hoje, talvez até atemporal ouso dizer. Napoleão sucumbe às sensações prazerosas que o poder proporciona e passa agir tal, ou pior, seu inimigo indo contra seus próprios ideais e princípios. Os animais são manipulados pela falta de interesse em conhecer seus direitos e assim, conseqüentemente, os porcos conseguem manipulá-los. Exatamente como acontece conosco...

Não sei se talvez pela "preferência política", por assim dizer, o autor critique veemente a metodologia positivista. Pelo menos A Revolução dos Bichos e 1984, as duas únicas obras que li do autor (ainda não terminei 1984) a "cutucada" está presente na manipulação dos documentos "achados" por Napoleão que comprovam a suposta e descabida traição e as armações de Bola-de-Neve. Em suma, é claro que o livro pode ser lido sob outra óticas diferentes, mas é interessante demais pra se restringir à política, mesmo porque até esse ponto de vista é tendencioso, já que a idéia do autor não era exatamente esta... enfim, muitas questões que podem gerar boas discussões e talvez até novas perspectivas.



Quotes

Então, camaradas, qual é a natureza desta nossa vida? Enfrentemos a realidade: nossa vida é miserável, trabalhosa e curta. Nascemos, recebemos o mínimo alimento necessário para continuar respirando, e os que podem trabalhar são exigidos até a última parcela de suas forças; no instante em que nossa utilidade acaba, trucidam-nos com hedionda crueldade. Nenhum animal na Inglaterra sabe o que é felicidade ou lazer após completar um ano de vida. Nenhum animal na Inglaterra é livre. A vida do animal é feita de miséria e escravidão: essa é a verdade nua e crua.
(pág 12)

Lembrai-vos também de que na luta contra o Homem não devemos ser como ele. Mesmo quando o tenhais derrotado, evitai-lhe os vícios...Todos os hábitos do Homem são maus. E principalmente, jamais um animal deverá tiranizar outros animais. Fortes ou fracos, espertos ou simplórios, somos todos irmãos. Todos os animais são iguais.
(pág 15)


"Camarada", explicou Bola-de-Neve, "essas fitas que você tanto estima são o distintivo da servidão. Não vê que a liberdade vale mais que laços de fita?"

(pág 20)

A asa de uma ave, camaradas, é órgão de propulsão, e não de manipulação. Deveria ser vista mais como uma perna. O que distingue o Homem é a mão, o instrumento com que ele perpetra toda a sua maldade.

(pág 32)

Não sabiam o que era mais chocante, se a traição dos animais que se haviam acumpliciado com Bola-deNeve ou a cruel repressão ali presenciada. Nos velhos tempos, eram frequentes as cenas de sangue, igualmente horripilantes, entretanto agora lhes pareciam ainda piores, uma vez que ocorriam entre eles mesmos. Desde que Jones deixara a fazenda até aquele dia, nenhum animal matara outro animal.

(pág 71)

As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco.

(pág 112)

2 comentários:

  1. Mais um livro que parece ser interessantíssimo! Admiro muito a sua versatilidade de leitura. Pelas resenhas que você faz aqui, percebo os vários temas de livro que você lê.
    Não estou postando com muita frequência no JT, porque nos últimos dias tenho resolvido minha matrícula no Ensino Médio. Lembra do Pedro II? Bem, eu não passei; mas graças a Deus consegui passar em um concurso para uma escola técnica aqui do Rio! Estou muito feliz.
    Até mais! :-)

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