domingo, 18 de agosto de 2013

PALESTRA - Da Bahia ao Valongo: Salvador e Rio de Janeiro na formação da cultura escrava - séculos XVIII e XIX

Imagem: Unijorge
Tema: Da Bahia ao Valongo: Salvador e Rio de Janeiro na formação da cultura escrava - séculos XVIII e XIX
Palestrante: Profº Drº Carlos Eugênio Líbano Soares (UFBA)
Data: 27 de Agosto de 2013 às 17:30
Local: Auditório do prédio IV, Unijorge, Campus Comércio, 9º Andar
Inscrições: coord.historiaunijorge@gmail.com

Vagas Limitadas!
 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

A Escravidão na África pré-Colonial

Jinga (1582-1663), a grande guerreira africana, segue com seu séquito de músicos, favoritas e oficiais, portando arco e a machadinha dos jagas. (ALENCASTRO, p. 233) 
A escravidão na África pré-Colonial, a comercialização de escravos, a influência muçulmana e as modificações quanto à escravidão no continente com o tráfico atlântico

A África estava, desde há muito tempo, ligada a escravidão tanto como fonte principal de escravos "quanto como uma das principais regiões onde a escravidão era comum", afirma Paul Lovejoy, que diz também que a escravidão no continente africano durou até o século XX.

A escravidão no continente africano antes da comercialização com os muçulmanos e a colonização europeia era marginalizada. A sociedade se estruturava de acordo com as relações de parentesco, através da gerontocracia (autoridade por membros mais velhos), mas a escravidão não alterava a formação social. A escravidão era apenas mais um dos meios dependência (haviam também o casamento e o concubinato), estava essencialmente ligada ao mundo do trabalho e também uma forma de exploração. Os escravos eram as pessoas que não tinham laço de parentesco, os estrangeiros, porém nem todo estrangeiro era escravo. Servia também, a escravidão, como uma forma de dominação nos lugares onde as relações de parentesco era dominante.

A existência de escravos na sociedade africana não fazia dela uma sociedade escravocrata, pois a sociedade não dependia diretamente deles, a escravidão no continente africano antes da comercialização com os muçulmanos e antes da chegada dos europeus, era, ressaltando mais uma vez, marginal. A comercialização de escravos com os muçulmanos se deu a partir do século VIII. No início, os escravos utilizados pelos muçulmanos eram os prisioneiros de guerra oriundos das expansões islâmicas. Eram utilizados no serviço militar, administrativo e doméstico. A escravidão muçulmana teve influência ideológica e tinha como base a religião, quem não se convertia ao islamismo tornava-se escravo como uma forma de aprendizagem. O escravo que se convertia não se emancipava de sua condição, mas a assimilação era considerada importante para uma possível emancipação.

Na escravidão islâmica as mulheres e crianças eram preferidas, as mulheres principalmente por causa da poligamia e serviços domésticos; eram tão importantes que custavam mais que os homens, nas relações comerciais com os muçulmanos. Os homens eram treinados para o serviço militar e doméstico, os mais promissores eram promovidos. O comércio de exportação na escravidão islâmica foi consideravelmente menor se comparada com a escravidão europeia. "As exportações chegavam a uns poucos milhares de escravos por ano na maioria das vezes, e como as áreas afetadas eram quase sempre muito extensas o impacto local era geralmente minimizado" (LOVEJOY, Paul). Em suma, a escravidão e influência islâmica se deu de uma forma ideológica, justificada pela religião e em números menores se comparada com a escravização pelos europeus.

O crescimento e a expansão do tráfico europeu de escravos mudou a história do continente africano e mudou também a escravidão no continente africano. A abertura do mercado atlântico foi um dos principais motivos que sistematizou a escravidão na África. Antes da abertura dos mercado atlântico, as costas atlânticas da África estavam isoladas do mundo exterior. A escravização pelos europeus no continente africano continuou a ser concebida em termos de parentesco. Os europeus queria trabalhadores para o campo e para as minas, preferindo assim escravos do sexo masculino. Com a intensa exploração dos europeus, a escravidão tornou-se uma sociedade agrícola baseada em grandes concentrações de escravos.

A exportação além do objetivo específico de mercado, de relações comerciais, foi também um elemento utilizado no controle de cativos. A exportação nesse caso funcionava como um processo ideológico que mantinha os escravos cumprindo com seus deveres e sem possíveis conflitos. Em suma, a principal influência da escravidão pelos europeus foi econômica, mudando radicalmente a escravidão no território africano deixando apenas de ser uma das relações de dependência, de estar à margem da sociedade e se transformar em uma instituição, em sistema, em sociedade escravocrata.


Referências Bibliográficas

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O Trato dos Viventes: Formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

LOVEJOY, Paul. A Escravidão na África: uma história de suas transformações. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

domingo, 14 de julho de 2013

A Expansão Banta no Continente Africano

Google Imagens/Reprodução

A Expansão Banta no Continente Africano: possíveis origens antes da expansão, o protobanto, as características econômicas, o processo de expansão (bantos ocidentais e orientais), o impacto de influências asiáticas como a banana e o ferro

Banto não é uma cultura, povo ou território e sim um tronco linguístico. A palavra banto quer dizer "povo" ou "homens" e foi utilizada para designar os povos que falavam línguas aparentadas no continente africano há milhares de anos.

As línguas bantas modernas teriam se originado do protobanto. O protobanto é uma criação dos linguistas que defendem duas teorias distintas de que o protobanto teria se originado no noroeste ou no sul do continente africano. O linguista Joseph Greenberg defende a teoria de que os protobantos teriam se originado no noroeste: no rio Benué, na fronteira da Nigérias com Camarões. Um outro linguista, Malcom Guthrie defende a teoria de que teriam surgido no sul, na floresta equatorial ao norte do Chaba. Mas Jan Vansina não destitui nenhuma das duas hipóteses, alegando que ambas se complementam. Alberto da Costal e Silva fala de um banto noroeste ou primitivo, e de um banto sul ou secundário.

Como a história da África foi construída a partir, principalmente, de fontes arqueológicas e história oral, o estudo dos vocábulos protobanto foi o que permitiu a reconstrução hipotética dos modos de vida desse povo. Os protobantos eram grandes produtores de alimentos, tecidos de ráfia, cestos, agricultura nas bordas da mata, pescadores e se organizavam em extensas famílias.

Esses povos moravam a distâncias umas das outras e seus números aumentavam constantemente em um espaço geográfico e propício e, embora conhecessem a agricultura e criassem animais, viviam em grande parte da pesca, da coleta e da caça; para isto, necessitavam de vasto espaço para exercer essas funções sem entrar em choque com os vizinhos. Então, o aumento da densidade demográfica e o ressecamento do Saara foram os fatores que motivaram esses povos a se deslocarem lentamente para o sul (a medida que aumentavam em números, os protobantos foram avançando para leste e para oeste). Esse deslocamento irá segmentar, dividir os protobantos: os grupos que se expandiram para o leste deram origem às línguas bantas orientais e os que se expandiram para o poente e sul, deram origem às línguas bantas ocidentais. Jan Vansina propõe uma outra teoria para a expansão dos bantos, eles diz que há milhares de anos nas pradarias do Camarões falava-se o idioma Bin e que o banto, então, deixou de ser um item à parte na chave das línguas africanas e os bantos oriental e ocidental faziam parte de algo muito mais aberto e antigo.

Os bantos ocidentais se desenvolveram entre o rio Cross, no Atlântico e nas montanhas no sul do camarões, chegaram ao rio Zaire e à Namíbia. Os bantos orientais se desenvolveram na região dos Grandes Lagos e foi entre eles que o ferro passou a ser difundido. A influência asiática se dá quando os indonésios fundam colônias e entrepostos na África Índica e os habitantes do continente se apropriam da bananeira, coqueiro, dos inhames asiáticos e de outras sementes e raízes que foram trazidas nos barcos indonésios. Jan Vansina sugere que o impacto da banana foi maior que o ferro, pois a banana é de fácil cultivo, requer pouco trabalho e dá frutos; o que tornou, então, a vida mais fácil e permitiu a migração para o interior.

A economia é sustentada com a mineração e a metalurgia, principalmente com esta última. Em alguns lugares, a presença de jazidas de ferro irá estimular a produção de artefatos que facilitará a caça e a pesca, além da troca desses produtos que tem como consequência o desenvolvimento dos primeiros vínculos de sujeição. A expansão dos povos bantos não se deu com exércitos (embora usassem a força quando necessário), mas pra suprir necessidades, por colonos que ocupavam territórios que pareciam estar vazios.


Referências Bibliográficas

ALTUNA, Raul Ruiz de Asúa. Cultura tradicional banto. Luanda: Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, 1985.
SILVA, Alberto da Costa e. A Enxada e a Lança: a África antes dos portugueses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, São Paulo, EDUSP, 1992.


domingo, 20 de janeiro de 2013

Eu Vou Ler...

Foto: Maiara Alves

  1. Jean-Claude Bernadet - Cinema Brasileiro
  2. Aida Marques - Idéias em Movimento
  3. Michel Marie - A Nouvelle Vague e Godard


Bom, penúltimo ano de graduação e a única coisa que você pensa é a monografia e o projeto de mestrado, então, está mais do que na hora de escrever, ler e pesquisar muito. 

Inicialmente, pensei em algo sobre o Cinema Novo, ou algo especificamente sobre Glauber Rocha, mas isso até ler Os Sertões, em janeiro do ano passado. Mudei de idéia e quis apenas sertão, depois pensei em juntar os dois e escrever sobre o sertão no Cinema Novo. Bom, muitas idéias se passam pela minha cabeça, muitas dúvidas também sobre a abordagem, pois as possibilidades de explorar esse tema são muitas. Enfim, Bernadet, assim como Marc Ferro, são referências em estudos sobre Cinema e História. A Nouvelle Vague é a base do Cinema Novo, portanto é indispensável estudá-la. Bom, é necessário também entender a linguagem do cinema, como funciona e etc, vou começar com o livro de Aida Marques. 

É, o jeito ler ler ler ler.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...