sábado, 5 de março de 2011

Sam Mendes - Revolutionary Road


Mais uma vez eu me pergunto: por que não vi esse filme antes? Ai ai.

Quando se é jovem nos sentimos a pessoa mais importante e especial do mundo, e quando alguém (o mala) desfaz de algum ato nosso, imediatamente pensamos: você não sabe quem eu sou, o mundo ainda não sabe quem eu sou e do que sou capaz. Isso já aconteceu, acontece e ainda acontecerá com todo mundo. Ou pelo menos àqueles que têm alguma veia artística. Eu não consigo imaginar outros atores senão Kate e Leo para esses personagens, o casal que na minha infância eram as pessoas mais lindas do mundo estavam tão perto e tão distantes da imagem que minha mente hoje ainda infantil tinha. Os olhos eram os mesmos, os de Kate para com Leo pelo menos. Os Wheeler podiam ser qualquer pessoa, as expectativas de April podiam ser de qualquer ser humano que sonha e a "covardia" de Frank foi apenas interpretada errada, ou o meu ponto de vista é outro, acredito que ele foi apenas realista com os fatos, ou April teve a idéia certa na hora errada, não sei.

Em algum momento eu lembrei de American Beauty, a ilusão da casa perfeita + família perfeita tão clichê na idealização dos estadunidenses, digo, é o que vejo na sessão da tarde, as dificuldades que aparecem na vida deles é: o filho que quer que o cachorro durma dentro de casa, ou um agente policial disfarçado de vovó cheinha que "invade" a casa pra descobrir as falcatruas do chefe da família, ou a esposa que gasta dinheiro demais, enfim, o resto é aparentemente perfeito e, assim como American Beauty, Revolutionary Road mostra que um casal jovem e divertido que mora na casa mais perfeita da rua e têm filhos adoráveis não são tão felizes quanto a cultura estadunidense faz parecer que é. A única ponte entre American Beauty e Revolutionary Road é Sam Mendes que, se eu não tivesse pesquisado na wikipédia, diria que a história tinha sido escrita por ele. 

O personagem de Michael Shannon é o mais interessante, é como se ele fosse o grito da consciência do casal, aquela voz que todos nós temos: que nos diz a verdade que sabemos e não queremos ouvir. E por dizer a verdade April e Frank, como qualquer ser humano "normal", se irritam e procuram alguém pra pôr a culpa do fato "por que que as coisas não saem do jeito que eu quero e por que que a minha vida não é de tal jeito?". A pergunta é: Os Wheeler são de fato perfeitos e não conseguem enxergar que eles são tudo aquilo que almejaram ser ou são de fato iguais a todo mundo, não têm nada de especial? 

Não quero falar muito sobre a história, só quero deixar arquivado aqui que senti a mesma coisa quando vi American Beauty: fiquei extasiada, parada vendo os créditos enquanto não pensava em absolutamente nada, na verdade só agora escrevendo é que comecei a refletir, e cara, eu adoro filmes que me deixam em êxtase e depois causam um turbilhão de emoções e uma corrente criativa e reflexiva de pensamentos. Acho que é esse o sentimento que esses dois filmes me causam: correntes de pensamentos reflexivo e criativos. I LOVE IT, LOVE - esse é o John gritando. 

Não tem quotes no fim do post, se houvesse eu tinha que escrever todo o roteiro aqui.


Trailer


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