quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A América Portuguesa observada pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro




10,0 na minha primeira prova. Não acreditei e não tô acreditando até agora na verdade. Tá que eu estudei quatro dias seguidos o dia todo - dois desses dias passei na biblioteca APENAS lendo muito, só levantei pra fazer um lanchinho e beber água; me esforcei muito, fiz uns quatro resumos até finalizar e ainda assim achava que ia tomar no máximo 5,0. O meu desespero todo é porque me baseio nos artigos e dissertações que os professores nos dão, penso que o certo(e é) é escrever daquele jeito, e tô bem looooonge de escrever como eles, e é por isso que eu fico tão desesperada achando que minha redação (isso não foi uma dissertação, não mesmo) está péssima. Enfim, eu necessitava registrar (tô pegando mesmo o hábito dos historiadores) isso aqui pra caso, vai saber, eu perder a prova haha.

Questão Única:

ESCOLHA, um dos temas apresentados abaixo e desenvolva uma dissertação que relacione todo o conjunto dos textos contidos no tema selecionado. Todos os textos foram debatidos durante as aulas de História da América Portuguesa:

Tema 1 - Cronistas, corógrafos e viajantes: Uma história revisitada

SOUSA, Gabriel Soares e. Tratado Descritivo do Brasil em 1587. Rio de Janeiro: 1851
SALVADOR, Fr. Vicente. História do Brasil (c. 1630). Rio de Janeiro: 1888.
PITTA, Sebastião da Rocha. História da América Portuguesa. Lisboa: 1730

Tema 2 - A América Portuguesa observada pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

MARTIUS, Karl F. P. von. Como se deve escrever a História do Brasil. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro: 1840
CEZAR, Temístocles. Varnhagen em movimento: breve antologia de uma existência. Topoi, 2010.


Ps: Meu seminário foi sobre o primeiro tema, mas escolhi o 2º - por ser o mais simples e "mais fácil de dominar". Na verdade, a maioria da sala escolheu o segundo tema, um ou dois fizeram sobre o primeiro. Enfim, eis o meu projeto de dissertação:



A mudança da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, foi um momento de grande ruptura e proporcionou grandes mudanças no Brasil. Essa mudança foi o que trouxe o médico bávaro Karl Martius, em 1817, na comitiva que incluía botânicos e naturalistas a fim de estudar plantas, animais, minérios e indígenas brasileiros (GOMES, Laurentino: 1808). Um ano antes da chegada de Martius nascia Francisco Adolfo de Varnhagen, em Sorocaba na Província de São Paulo. Karl Martius conheceu o Brasil das grandes perspectivas de futuro, onde emigrantes tinham grandes oportunidades de enriquecer; onde o comércio de escravos e a exploração de minérios estava em evidência e o Brasil, no período explorado por Karl Martius (1817-1820), ainda era colônia de Portugal. Varnhagen, na segunda edição de História Geral do Brasil (1877) não vê alterações na situação do Brasil, de acordo com temístocles Cezar, desde as viagens e descrições de Karl Martius - e outros - que conheceram o Brasil nos anos 1810-1820; além é claro, da mudança de colônia para império.

Por falta de uma historiografia* completa do Brasil, o IHGB (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) pediu, em sua revista, para que os comunicassem idéias que pudessem contribuir para esse feito. Em Como se deve escrever a história do Brasil, publicado em 1843, Karl Martius orienta os pontos e aspectos que devem ser escritos e observados ao mesmo tempo em que faz uma colocação do perfil do historiador: pragmático, prático, que descreve os fenômenos históricos considerando seu contexto, o que antecede e o que sucede os fatos. Um ano antes da publicação da dissertação de Karl Martius, em 1842, Varnhagen após legitimar sua nacionalidade brasileira (por ordens do imperador) é nomeado historiador - também por decreto -, com "a missão de pesquisar os documentos relativos à história, à geografia e à legislação do Brasil" segundo Temístocles. Missão essa que ele cumpre com muita dedicação e pesquisa viajando por grande parte do Brasil a fim de averigüar fontes e descrições de outros historiadores/cronistas como Pero Lopes de Sousa e Gabriel Soares e Sousa. Varnhagen acreditava na verdade histórica tendo como fonte os arquivos e documentos oficiais, era monarquista e descrevia o Brasil português, com a mentalidade dos administradores portugueses. E é nesse ponto que as idéias de Karl Martius e Francisco Adolfo de Varnhagen divergem.

Karl Martius também era monarquista, mas ele acreditava ser essencial o estudo e análise dos índios e negros que "contribuíram para o desenvolvimento físico, moral e civil da população" como um todo; os portugueses, a raça branca ou caucasiana, segundo Karl Martius, era o "mais poderoso e essencial motor" do Brasil. Diferente de Varnhagen que, após um assalto na Estrada Real, "passou a criticar veemente o romantismo indigenista" (Temístocles) e não vê importância e pontos positivos em escrever sobre índios (embora tenha escrito, em francês, um livro onde, segundo Temístocles, "procura provar através da filologia comparada e da etnografia, que a origem dos índios brasileiros encontrava-se no mundo antigo"). No século XIX as teorias do Darwinismo social manifestou-se em toda a Europa, Karl Martius sendo bávaro e Varnhagen além de monarquista e fiel ao Imperador, morando, pesquisando, publicando e fazendo palestras na Europa, ambos, influenciados por essas teorias e pelos motivos anteriormente citados, excluíam os índios e negros como brasileiros da historiografia do Brasil.

Uma obra histórica deve despertar nos leitores brasileiros o patriotismo e "todas as virtudes cívicas" segundo Karl Martius. Varnhagen foi o historiador que melhor desempenhou o tão descrito historiador pragmático de Martius. Desconfiou-se de sua lealdade para com a nação devido às constantes viagens pelo exterior e poquíssima e rara permanência no Brasil, seu casamento com a chilena Carmen Vicuña, os filhos nascidos no exterior e seu sobrenome de origem germânica. para Temístocles Cezar escrever sobre o Brasil foi a forma que Varnhagen encontrou para estar entre os brasileiros e para se autoafirmar brasileiro. Sua imensa obra dedicada a historiografia brasileira se não despertou o patriotismo nos brasileiros ao menos provou sua lealdade ao Império brasileiro.

Conclue-se portanto que, para Karl Martius, o estudo das raças indígenas e etiópica contribuem consideravelmente para a análise da etnografia (descrição do povo) brasileiro; mas que, tanto para Martius quanto para Varnhagen, a raça branca predomina. O Brasil dos anos 1810-1820 de Martius era uma colônia que proporcionava oportunidades de enriquecimento para os emigrantes, com a vinda do rei D. João VI foram construídos bancos, estradas, praças, etc; foram distribuídos, entre 1808 e 1822 mais títulos do que em trezentos anos em Portugal, segundo Laurentino Gomes em 1808. O Brasil de Varnhagen era o império regido por D. Pedro II onde as "manifestações" contra o fim do império ocorriam com freqüência, fato que, pela condição de monarquista, era criticado por Varnhagen.




* História - correção do professor.

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