terça-feira, 20 de março de 2012

Jane Campion - The Piano

Imagem: Google Imagens/Reprodução
The Piano
Direção: Jane Campion
Roteiro: Jane Campion
Ano: 1993/Nova Zelândia-Austrália-França
Gênero: Drama
Elenco: Holly Hunter, Harvey Keitel, Sam Neill, Anna Paquin, Cliff Curtis

Sinopse: Na época vitoriana, quando a Nova Zelândia estava há pouco tempo sendo colonizada, para lá se muda Ada McGrath (Holly Hunter), um mulher que quando tinha seis anos de idade resolveu parar de falar. Ela vai na companhia de sua filha, Flora (Anna Paquin). O motivo de ter ido para lá é que Ada se casou com Stewart (Sam Neill) em um casamento arranjado, já que ela nem conhecia seu noivo. Ada imediatamente antipatiza com Stewart quando ele se recusa a transportar seu amado piano. Stewart negocia o instrumento e o passa para George Baines (Harvey Keitel), um administrador da região. Atraído por Ada, Baines concorda em devolver o piano em troca de algumas lições no instrumento, que Ada daria para ele. Mas estas "aulas" se tornam encontros sexuais cada vez mais intensos, onde Baines pagava Ada com uma ou mais teclas do piano, sendo que o pagamento estava relacionado à intensidade de intimidade proporcionada. Porém, logo esta situação sai do controle, gerando trágicas conseqüências.

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução
Opinião: O vento forte, as fortes ondas quebrando na praia e o céu constantemente nublado ainda é pouco pra ilustrar a tempestade de emoções, a agonia de sentimentos que nos toma no fim do filme. Tenho este filme em casa desde criança, em VHS, numa coleção de filmes que vinha todo fim de semana com o Correio da Bahia e só o vi hoje, adulta, mais de dez anos depois de saber de sua existência. A hora certa, eu digo, pra me apaixonar por uma obra quase perfeita. Bright Star tinha sido, até então, o único filme da diretora que tinha visto. Gostei muito deste, mas gostei muito mais de O Piano.

Ambientado no século XIX, quando muitos territórios ainda eram colônia ou ainda estavam sendo colonizados, a mulher ainda servia para os negócios da família e, apesar de já despontar na Inglaterra mulheres notáveis como Jane Austen, na "retrógrada" Nova Zelândia as coisas funcionavam à moda antiga. Suas personagens são contraditórias, assim como os sentimentos em qualquer ser humano, é verdade, mas em manifestações artísticas como na literatura e no cinema isso costuma ficar bem claro apesar da subjetividade da interpretação. Em O Piano sua protagonista vive um vendaval de emoções diferentes e singulares ao mesmo tempo: ela repudia seu, aparentemente bom, novo marido, enjeita seu agressor e se apaixona por ele. Por que? Será que porque sempre queremos e gostamos daquilo que não nos faz bem? Porque somos adaptáveis e aprendemos a gostar do que nos é imposto? Esta última pode não fazer sentido, se não ela teria aprendido a gostar do novo marido. Ou porque o amor e a razão estão distantes e são impossíveis de explicar?

O fato de Ada não falar aumenta mais ainda o mistério e contribuem para a surrealidade da situação. Além, é claro, do tempo, do mar, da chuva e da trilha sonora perfeita. Lembrei de O Morro dos Ventos Uivantes, o livro, pois é mais ou menos esse o clima que imagino a linha tênue de amor e ódio entre Cathy e Heathcliff - Ada e George tiveram um final um poquinho mais feliz, é verdade. Anna Paquin fofíssima criança, não lembra nada a vampire girl Sookie Stackhouse de hoje, lembra apenas a Holly Hunter na época do filme haha, incrível a semelhança aliás. O filme é quase (quase para o meu entusiasmo não parecer exagerado haha) perfeito, como disse, e é mais um daqueles que nós, amantes de drama, temos a obrigação de ver periodicamente e a cada vez extrair diferentes emoções, talvez tão contraditórias quanto as de Ada.

Trailer


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