domingo, 17 de junho de 2012

Rupert Sanders - Snow White and the Huntsman

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Snow White and the Huntsman
Direção: Rupert Sanders
Roteiro: Evan Daugherty, Jon Lee Hancock, Hossein Amini
Ano: 2012/EUA
Gênero: Fantasia
Elenco: Kristen Stewart, Chris Hemsworth, Charlize Theron, Sam Clafin

Sinopse: O caçador Eric foi contratado pela Rainha Má para encontrar a Branca de Neve, que escapou de seu castelo. Contudo, quando ele descobre que o objetivo de sua patroa não é só capturar, mas também assassinar a jovem, ele passa a ajudá-la em sua fuga, dando início a uma perigosa aventura. 

Foto: Maiara Alves
Opinião: Readaptação cinematográfica da clássica história de contos de fadas que permite um retorno à Idade Média e às representações das mulheres do período. Um elenco "lindo de morrer", uma floresta mal-assombrada e, entre outras coisas, cores frias e um exército "mágico", fazem desta nova proposta algo interessante de ver, pois nos traz respostas à questões pouco explicadas da versão popular da Disney, além de nos mostrar um outro lado que sempre esteve ali, porém exigia um pouco mais de imaginação de seus espectadores.

Não sei muito sobre a versão contada pelos Irmãos Grimm, li a crítica do Omelete e, segundo eles, o livro registra a história contada pela tradição oral européia do século XIX - me pergunto se há alguma relação com as histórias nacionais produzidas especialmente neste período -, e pelo que dizem, esta versão foi mais fiel à "original". Na historiografia, principalmente nas histórias européias, escrever sobre a Idade Média significou no século XIX uma tentativa (e êxito) de construir uma identidade, uma nacionalidade, porém a Idade Média foi muito mais que isso, mas não convém aprofundar agora esta questão. Confesso que não consegui identificar o motivo do resgate aos contos de fadas e histórias medievalistas (como, por exemplo, A Garota da Capa Vermelha - livro e filme), seria para reconstruir/resgatar uma identidade dos europeus nesse início de decênio em crise? Seja qual for o motivo, percebe-se uma tentativa de romper com a versão cinematográfica original de 1937 e a pretensão de conquistar os jovens adultos (e crianças...) de hoje.

Imagem: Google Imagens/Reprodução

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução
Mas algo que não se rompeu nesta versão, e uma coisa que senti ainda na hora do filme e quando voltava para casa, foram as representações da mulher na Idade Média, criadas pelos nobres e pelo clero, que aprendi em A Mulher na Idade Média (em breve comentário aqui) do historiador medievalista José Rivair Macedo, no que diz respeito às duas principais personagens femininas: Ravena, a rainha e madrasta má, e à Branca de Neve, a princesa inocente, submissa, alienada. A primeira versão foi lançada, segundo o IMDB, em 1937, na primeira metade do século XX quando o movimento feminista ganhava força em várias partes do mundo e precisava ser combatido por aqueles que eram contra. Não posso falar com propriedade sobre este assunto, mas suponho que Walt Disney e/ou Hollywood na época o tenha sido, digo isso porque a Branca de Neve de 1937 lavou, passou, cozinhou e cuidou - com toda a típica felicidade das princesas-disney - da casa dos sete anões e só foi salva pelo beijo de um homem como se ela mesma não pudesse sozinha salvar-se. Talvez o foco hoje não seja este, já que a "a pele branca como a neve" do século XXI pertence à Kristen Stewart que interpreta uma Branca de Neve bélica, autonomamente corajosa e forte, porém os estereótipos medievos da mulher continuam lá: como a idéia da mulher ser uma bruxa, extremamente poderosa capaz de controlar homens, etc.

Apesar destes e outros pesares - além, com certeza, dos pesares técnicos que desconheço totalmente -, é interessante de se ver porque é mais coerente se for comparado a versão clássica. Desta vez, os motivos que levaram a Madrasta ser má ficam claros (na história, na intenção sem bem qual é...), bem como a morte do Rei, o Caçador ter aceito a missão da Madrasta, os Anões, e até a participação do Príncipe (que na verdade é filho de um duque, bem coerente com o período) foi relevante e fizeram muito mais sentido que Snow White and the Dwarfs. O que revolucionou essas readaptações/reinterpretações dos clássicos são as atitudes que as protagonistas Alice de Tim Burton, A Garota da Capa Vermelha de 2011 e esta Branca de Neve tomam: elas ousam, rompem a etiqueta do mundo dos contos de fadas, não querem mais finais felizes e isso, sem dúvida, numa tentativa de aproximar as personagens das atuais mulheres do mundo real.

Trailer


2 comentários:

  1. Não conhecia na íntegra essa história. A única coisa que eu tinha certeza que acontecia no conto, é que a Branca de Neve comia uma maçã envenenada.
    Por incrível que pareca, passei a conhecer esses contos antigos assistindo uma série incrível que estou quase terminando: Once Upon a Time. É dos mesmos criadores de Lost. Acho que, se você não viu, vai gostar de ver. Recomendo.

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  2. Assisto Once Upon a Time com minha irmã, ela adora. Só não tenho mais tempo de comentar as séries que assisto/assistia.

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