domingo, 1 de julho de 2012

Woody Allen - To Rome With Love

Imagem: Google Imagens/Reprodução
To Rome With Love
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Ano: 2012/EUA-Itália-Espanha
Gênero: Comédia
Elenco: Woody Allen, Alec Baldwin, Jesse Eisenberg, Greta Gerwing, Ellen Page, Alison Pill, Flavio Parenti, Fabio Armiliato, Roberto Benigni, Alessandro Tiberi, Alessanda Mastronardi, Penélope Cruz

Sinopse: O longa é dividido em quatro segmentos. Em um deles, um casal americano viajam para Roma para conhecer a família do noivo de sua filha. Outra história envolve Leopoldo, um homem comum que é confundido com uma estrela de cinema. Um terceiro episódio retrata um arquiteto da Califórnia que visita a Itália com um grupo de amigos. Por último, temos dois jovens recém-casados que se perdem pelas confusas ruas de Roma.

Foto: Maiara Alves
Opinião: Diferente de Midnight In Paris, e assim como Vicky Cristina Barcelona e Match Point, Woody Allen, em To Rome With Love, homenageia simples e naturalmente uma das principais cidades turísticas da Europa em situações comuns à todos os mortais (ou não). Roma, uma cidade importante para história, recebe turistas que fazem história (como o guarda de trânsito percebe) e a cidade participa de momentos memoráveis na história desses turistas. Gostei, acho que posso considerar um dos meus filmes preferidos atualmente.

Midnight in Paris é quase rude - comparada a delicadeza e beleza da capital francesa -, a homenagem é forçada e soa falsa pela irritante presença do diretor no protagonista com todas as suas egocêntricidades, na verdade minha aversão é pelo fato de detestar pessoas como ele. To Rome With Love, talvez por não ter apenas um protagonista (o próprio diretor) e sim muitos - adoráveis por sinal - é diferente e com certeza me faria comprar uma passagem pra capital italiana - como se uma estudante de História não tivesse motivos suficientes para visitá-la. Além de ser uma cidade histórica, a capital italiana ainda faz história ao receber turistas de todo o mundo que, com certeza lá, vivem situações inusitadas, além de terem a cidade como cenário para a "história que vou contar para os meus netos". A sensação que tive com o filme é que a cidade histórica ainda faz história e é cenário da própria história de seus visitantes e turistas em que lá se encontram. 

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução
 As estórias escolhidas pelo diretor, que foi criticado neste filme por não interagir efetivamente com Roma, sua história e elementos da História da Cultura (como diria José D'Assunção Barros...), não foram as melhores (acho que a cidade sob a ótica de outro escritor/diretor renderia histórias mais interessantes), mas não podíamos esperar muito de um cineasta egocêntrico. Uma destas estórias é de um arquiteto bem sucedido que, ao voltar à Roma de férias, decide procurar a rua onde residiu e reviver as memórias do ano em que viveu por lá pois, na minha opinião, a personagem do Jesse Eisenberg é o próprio arquiteto, a personagem de Alec Baldwin. Nesta mesma história há talvez uma versão feminina também irritante de Allen, interpretada por Ellen Page que nada tem a ver com a personagem que interpreta - acho que a Greta Gerwig seria uma escolha melhor.

O adorável Guido de La Vita è Bella, Roberto Benigni, vive um homem comum que, literalmente da noite para o dia, se torna uma celebridade. O filme demonstra o quão comuns e "babacas" são essas pessoas, o circo e notícias estúpidas que a imprensa faz em torno delas e que, apesar disso tudo, é melhor ser rico e famoso do que simplesmente rico, segundo o motorista do próprio Leopoldo; "Por quê eu sou famoso?" pergunta, "E por quê essas pessoas são famosas?" pergunto eu. Percebi também um pouco do diretor em Leopoldo... e por falar nele, a outra estória, do núcleo de Jerry (personagem de Woody Allen) é a melhor homenagem do filme à Roma e à Itália ao demonstrar que qualquer pessoa é um grande cantor (a) de ópera no chuveiro. Música está muito presente no filme, e bem utilizada. Não sei se por estar mais familiarizada com a cultura italiana do que a francesa, gostei mais da trilha sonora de To Rome With Love do que de Midnight In Paris. Abaixo, "Amada mia, amore mio" constantemente presente no filme.



A melhor história mesmo é a do jovem casal, interpretados por Alessandra Mastronardi e Alessandro Tiberi, que tentam se estabelecer e estabelecer relações profissionais na cidade. Milly se perde em Roma ao tentar achar um cabeleireiro, demonstrando de uma forma muito cômica como é difícil (eu pelo menos tenho muita dificuldade em encontrar endereços quando as pessoas tentam me explicar) a locomoção em locais desconhecidos quando se é turista ou simplesmente quando nunca não entendemos as instruções que nos dão. Seu marido, Antonio, é um fofo e se encontra nas situações mais engraçadas ao ter que apresentar a prostituta Anna, personagem de Penélope Cruz, à família e aos seus futuros sócios porque por engano entrou no seu quarto e foi flagrada pela sua família, além de ter de levá-la ao Vaticano vestida com o micro vestido vermelho.

Não gosto dos filmes de Woody Allen em que o protagonista é ele mesmo, mas nas poucas vezes em que não são (ou são em pequenas doses que "dá pra engolir"), como este, Vicky Cristina Barcelona e Match Point, são maravilhosos. Apesar da universalidade das personagens e das situações que passam, percebi a sutil homenagem à cidade e uma exaltação da mesma com as personagens indiretamente prestigiando a arquitetura, gastronomia, música italiana e até costumes de romanos da classe média atual. O filme tem início, meio e fim contados por um guarda de trânsito sob o olhar de um cineasta egocêntrico, mas que merece congratulações por, apesar das qualidades que interferem no seu trabalho, se manter fiel à si mesmo ("é melhor que o mundo fique separado de ti, do que tu separado de ti mesmo") e por mostrar que bons filmes se fazem não com efeitos especiais e "estrelas", mas com idéias, bom roteiro, boa música com meu tom de cor preferido: amarelo.

Tinha esquecido... tio Woody, da próxima vez escolhe o leste europeu e mostra a desigualdade do continente que a maioria das pessoas não conhecem, por favor? Obrigada.

Trailer

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