sábado, 16 de abril de 2011

Scott Westerfeld - Especiais


Ai, como eu amo essa série! Livro é um universo paralelo, uma nova dimensão onde absolutamente tudo pode acontecer e é possível, adoro livros e filmes que mostram um modo alternativo de viver. A série Feios aborda mais que uma nova dimensão, é tudo tão real e, felizmente, tão fácil de imaginar que qualquer desequilibrado (eu) rezaria pra que o mundo fosse realmente assim já que o mundo em que a gente vive é insuportavelmente entediante.

Confesso que eu esperava um pouco mais de Especiais já que Perfeitos foi totalmente borbulhante. Primeiramente não gostei muito de Tally ter sido transformada em especial, ou como é explicado em Especiais: uma cortadora. A impressão que deu foi que ela estava destinada a procurar eternamente pela cura - sendo que ela mesma podia se curar de tudo, sozinha, - fugir sempre e de alguma forma voltar às salas de cirurgia e começar tudo de novo. Em Especiais, ela se tornou uma cortadora, uma Especial dos especiais da Dra. Cable que resolveu criá-los após a revolução que Tally, Shay, Zane e alguns outros Crims criaram tentando se libertar da transformação em Perfeitos e da tentativa de fuga para a Fumaça. Os Cortadores têm toda liberdade em Nova Perfeição e em toda a cidade, o grupo é liderado por Shay e a missão deles é identificar enfumaçados infiltrados entre os Feios, os enfumaçados por sua vez tentam levar os feios para a Nova Fumaça (livrando-os então da cirurgia que os tornam perfeitos e alienados) e entregar pílulas de cura em Nova Perfeição. Zane, que teve sérios danos cerebrais causados pela ingestão da pílula de cura errada, está melhor, porém sua coordenação motora não foi estabilizada, entre outras coisas. Tally, com o sentimento de culpa e por achá-lo medíocre por ainda ser perfeito, quer que Zane se transforme em Especial para poderem ficar juntos e que ele possa ser curado de vez, então ela e Shay invadem o arsenal da cidade para a Dra. Cable pensar que Zane foi o responsável, fato que o tornaria sagaz e possivelmente resultaria na sua transformação em um Cortador Especial.

Como sempre, as coisas não acontecem como o planejado pra ninguém, nem nos livros caramba! e Tally acaba causando uma grande confusão e ajudando bastante na revolução do fascinante mundo de Scott Westerfeld. Após Tally e Shay invadirem o arsenal da cidade em busca de uma arma que libertaria Zane e possivelmente resultaria em sua transformação em Cortador, ambas acabam fugindo e sem querer, após uma série de fatos, acabam indo parar em Diego, uma cidade onde o governo aceita o Novo Sistema, ou melhor, Diego é a nova fumaça. Os Enfumaçados não residem mais no mato, ou nas ruínas dos enferrujados, mas nessa nova cidade que acolhe fugitivos de várias outras cidades, não controlam mentes e a moda é bem diferente da cidade de Tally. Bom, acontece mais uma série de fatos e Tally volta pra sua cidade, injeta a cura na Dra. Cable e logo após é presa novamente e quase sofre uma nova cirurgia, não fosse uma ajudinha básica que recebeu de... da Dra. Cable! Fiquei super surpresa, jurava que era David. Dra. Cable venceu a cura - nunca duvidei disso - e fez um discurso quase emocionante pra Tally. 

Tally continua especial e vai atrás de David, ambos não conseguem viver em cidades - Tally por ser uma Especial e especiais são criados pra viverem na natureza e David por nunca ter vivido em uma cidade, seu hábitat é mesmo a Fumaça, ruínas enferrujadas e a natureza em si. O mundo vem sofrendo uma transformação "mentes borbulhantes prestes a serem libertadas, e todas as cidades que vão finalmente despertar", mas esse novo mundo tem Tally e David como guardiões, ambos estão prontos para uma circunstância especial se essas novas mentes libertas resolverem derrubar árvores, represar rios, expandir suas cidades na natureza, etc. 

Vou só fazer um resumo do livro mesmo, quando Extras for publicado farei uma conclusão sobre a série. Algumas passagens e quotes:

Como Shay sempre dizia no treinamento, os avoados entendiam tudo errado: não importava a aparência da pessoa, e sim como ela se comportava como ela se via. Força e reflexos representavam apenas um aspecto da questão - Shay simplesmente sabia que era especial e, por isso mesmo, ela era. Os demais representavam apenas papéis de parede, um cenário fora de foco, um zumbido sem sentido, até que Shay jogasse a própria luz sobre eles.

- Você sente saudade da época em que era perfeita, Shay-la? - perguntou Tally. Elas só passaram alguns meses juntas no paraíso borbulhante antes que a situação ficasse complicada. - Foi meio divertido.
- Foi falso - respondeu Shay. - Eu prefiro ter um cérebro.
Tally suspirou. Não dava para discordar, mas ter um cérebro às vezes era motivo de tanto sofrimento.

A cidade cria os perfeitos do jeito que são para que sejam felizes e deixem o planeta em paz. Nós fomos transformadas em Especiais para enxergar o mundo de uma maneira tão perfeita que sua beleza quase dói e, assim sendo, para não deixarmos que a humanidade o destrua novamente.

Como alguém governaria uma cidade onde todo mundo fosse um Crim? Em vez de a maioria das pessoas seguir as regras, a população estaria sempre roubando e armando truques. Será que esse atos não evoluiriam para crimes de verdade, para violência sem sentido e até mesmo assassinatos, como na época dos Enferrujados?

Andrew Simpson Smith não era como a massa de feios e perfeitos como olhar bovino da cidade, as pessoas que não eram Especiais. Viver no mato o tornava igual a ela: um caçador, um guerreiro, um sobrevivente. Com as cicatrizes de dezenas de lutas e acidentes, ele quase parecia com um Cortador.

Essa era a principal lição que se aprendia no mato: nada era confiável, nem o próprio jantar. Não era como a vida na cidade, onde todas as quinas haviam sido arrendondadas, em que todas as varandas eram equipadas com um campo de força caso a pessoa caísse, e aonde a comida nunca vinha fervendo. 

- Eu realmente achei que você tinha mudado. Mas continua a mesma feia egoísta que sempre foi. É isso que é surpreendente sobre você, Tally. Mesmo a Dra. Cable e seus cirurgiões não têm a menor chance contra o seu ego.

A Nova Fumaça não era um acampamento qualquer escondido no mato, onde as pessoas cagavam em buracos no chão, comiam coelhos mortos e queimavam madeira como combustível. A Nova Fumaça estava bem ali, espalhada debaixo dela. 
Uma cidade havia se juntado à rebelião.

- Antes de virmos para cá, nós, Cortadores, conhecíamos o plano da Dra. Cable - disse Tachs. - Ela não quer destruir Diego, e sim transformá-la em uma cidade igual à nossa: rígida e controlada, onde todo mundo é um avoado.
- Quando a situação virar um caos - acrescentou Shay -, ela virá aqui assumir o controle.
- Mas as cidades não conquistam umas às outras! - disse Tally.
- Geralmente, não, Tally, mas não percebeu? - Shay virou para os destroços ainda em chamas da Prefeitura. - Fugitivos à solta, o Novo Sistema fora de controle, e agora o governo em ruínas... isto é uma Circusntância Especial.

Ela e Shay haviam começado aquela guerra estúpida, afinal. Pessoas normais e saudáveis não fariam uma coisa assim, fariam?

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