sábado, 10 de dezembro de 2011

Machado de Assis e Lúcio Manfredi - Dom Casmurro e os Discos Voadores

Foto: Maiara Alves
Dom Casmurro e os Discos Voadores
Autor(a): Machado de Assis e Lúcio Manfredi
Editora: Lua de Papel
Páginas: 263
Gênero: Literatura Nacional/ Humor

Sobre: A famosa personagem clássica Capitu, de Machado de Assis, tinha como principal característica os dissimulados olhos de ressaca. Nesta versão de "Dom Casmurro" escrita por Lúcio Manfredi, o mistério por trás dos olhos de Capitu vai além, está diretamente ligado ao mar. A trama romântica agora sofre a interferência de seres alienígenas e androides, disfarçados sob os personagens originais de Machado. Cabe ao leitor, identificar quem é quem. Bentinho não está apenas envolvido no triângulo amoroso, mas numa disputa de forças intergalácticas. Um combate entre as evoluídas civilizações reptiliana e aquática, que habitam o planeta Terra há milhões de anos. Como no livro original, o ciúme de Bentinho continua presente. Só que agora existe mais um motivo para sua desconfiança: a ligação entre a amada Capitu e seu melhor amigo Escobar não é mesmo deste mundo.

Opinião: Li o livro errado no momento errado, ou pelos menos é a sensação que tive quando “de gaiata” o li esta semana. Sabe quando você devia estar estudando e faz outra coisa? Ora pois li, perdi tempo e não gostei, talvez eu esteja mal(bem) acostumada com textos mais profundos e complexos se comparado a este e tenha achado as modificações uma baboseira, ou que poderia ter rendido um pouco melhor como o “Orgulho e Preconceito e Zumbis” da Kate Grahame-Smith.

Não gosto de criticar algo negativamente quando, no momento, não posso produzir algo melhor ou argumentos concretos que justifiquem o meu ponto de vista, acredito que essa antipatia tenha sido algo pessoal mesmo e futuramente pretendo relê-lo, tenho certeza que minha visão, ou a antipatia, será outra. O início da história é bem fiel as palavras do, como dizia José Dias, ilustríssimo Machado de Assis, mas as modificações no texto por conta das modificações da história deixaram a desejar e foi o principal motivo da minha aparente antipatia.

Senti falta do triângulo Bentinho, Escobar e Capitu. Sei que a obra vai muito além disso, mas pra quem foi educada por telenovelas, adora histórias de amor e ainda não se desvinculou da literatura fictícia faz uma tremenda falta. O Lúcio Manfredi focou a “verdadeira mensagem” que a obra original quis passar, os modos da sociedade carioca (e das emoções que movem o ser humano em si, por que não?), a casa de Matacavalos como uma das representações da zona urbana carioca do século XIX quando faz uma alusão ao fato da evolução do homem, a racionalidade humana ser interferência direta de alienígenas. Alienígenas teriam, propositalmente, criado uma série de mecanismos que contribuíram para a evolução racional do homem, não sei explicar como, tenho bem pouca imaginação e paciência pra ficção alienígena.

Bom, como disse há alguns parágrafos vou reler e tentar entender porque tive uma impressão negativa do livro pois Machado de Assis é sempre bom e sei que não se deve “desprezar” (e não estou desprezando) nada relacionado a ele, principalmente de jovens escritores. 


Quotes

Esqueci de mencionar esse detalhe: José Dias amava superlativos. Nada era grande, tudo era grandessíssimo. O café nunca estava doce, mas dulcíssimo. E é claro que se dever não podia ser simplesmente amargo, tinha de ser amaríssimo.
(pág 10)

(...) apaixonar-se é criar uma religião pessoal em honra a um deus falível.
(pág 15)

E se não for, por mais que eu explique, nunca vai compreender como o amor nos transforma a todos em palermas e, no entanto, é com alegria que nos entregamos a esse estado de insanidade temporária, do qual não queremos sair nem arrastados pelos cabelos.
(pág 37)

Tem gente que é assim. Tão incapaz de ter sensações próprias que precisa se alimentar das alheias.
(pág 53)

Não juram os poetas que quando se ama a gente vê estrelas? Pois eu não só as vi como também ouvi, um coro de estrelas entoando em meus ouvidos canções tão belas...
(pág 75)
 
Há guerras que são assim, começam e terminam num piscar de olhos. Há outras que se estendem por anos, séculos, milênios até. Algumas guerras se fazem no campo de batalha, em combates abertos, que são decididos por quem mostrar maior poder de fogo. Outras são travadas na surdina, pelos bastidores, movem o homem comum, ignorante do fato de que não passa de um peão num tabuleiro de xadrez.
(pág 100)

Rezava-se, ia-se às aulas, rezava-se, fazia-se as refeições, rezava-se, fazia-se a lição de casa, rezava-se, ia-se à missa, rezava-se mais um pouco e dormia-se, com a reza ainda reverberando em nossos ouvidos. E às vezes sonhava-se que se rezava.
(pág 108)

Há pessoas que são feitas de camadas, às vezes opostas umas às outras.
(pág 112)

Não que eu tenha perdido tempo a pensar nisso. Convite para ver Capitu não é convite, é ordem e, sem me fazer de rogado, disparei na direção da casa de Sancha.
(pág 153)

A felicidade não gosta de falar de coisas tristes.
(pág 155)

(...) seria o mesmo que dizer que um beija-flor e uma águia são ambos aves. Isto não impediria a água de estraçalhar o beija-flor se lhe caísse entre as garras.
(pág 162)

(...) muitas vezes, a pior notícia é a que vem envolvida pela embalagem mais colorida.
(pág 165)

Os seres humanos não têm condições de decidir por si mesmos o que é melhor. Talvez nunca tenham. Seria preferível que, em vez de tomar as rédeas da própria vida, se submetessem aos desígnios de uma autoridade superior.
(pág 181)

Há coisas que se quebram e conserta-se. Há coisas que, uma vez quebradas, não têm mais conserto. E há as que não têm conserto porque são perfeitas demais e é este seu defeito.
(pág 253)

Um comentário:

  1. Bem, só de ler a sinopse não gostei. Machado de Assis misturado com Alienígenas, não sei se eu gostaria de ler um livro desses.
    Bem, coloquei minha resposta ao seu comentário no meu blog, no post "Eu Vou Ler".
    Até! :-)

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