segunda-feira, 5 de março de 2012

Michel Hazanavicius - The Artist

Imagem: Google Imagens/Reprodução
The Artist
Direção: Michel Hazanavicius 
Roteiro: Michel Hazanavicius 
Ano: 2011/França-Bélgica
Gênero: Romance
Elenco: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman, James Cromwell, Penelope Ann Miller 

Sinopse: Na Hollywood de 1927, o astro do cinema mudo George Valentin (Jean Dujardin) começa a temer se a chegada do cinema falado fará com que ele perca espaço e acabe caindo no esquecimento. Enquanto isso, a bela Peppy Miller (Bérénice Bejo), jovem dançarina por quem ele se sente atraído, recebe uma oportunidade e tanto para traballhar no segmento. Será o fim de sua carreira e de uma paixão? 

Foto: Maiara Alves
Opinião: Se a liberdade é azul, a igualdade é branca e a fraternidade é vermelha o cinema, definitivamente, é francês. O filme mudo em preto e branco que causou polêmica na era 3D é muito mais contemporâneo e vai muito além da suposta nostalgia que fez os membros da academia lhe premiar com a estatueta mais cobiçada do Academy Awards. A ousadia de Michel Hazanavicius deu um super presente aos fãs de cinema do século XXI e à nação estadunidense.

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução
Quando você conhece a Nouvelle Vague e o verdadeiro cinema europeu não lhe resta dúvidas de que este povo, em sua maioria etnocêntricos é verdade, não deve nada em produção cinematográfica aos estadunidenses. O amor dos seus cineastas é palpável e te apaixona a ponto de te fazer desprezar a homogeneidade estadunidense no cinema, os diálogos em francês só aumentam mais ainda o charme destes filmes adoráveis só pra não falar dos mestres diretores... senti falta do s'il vous plaît e do simples oui, o please no final foi frustrante.  

Não é difícil entender o que motivou a Academia premiá-lo nas melhores e mais cobiçadas categorias (melhor ator, diretor e filme): a analogia entre a Crise de 2008 com a Depressão de 1929. Começando por 1927, o ano do primeiro filme sonoro – e não mais totalmente mudo -, que já era uma premissa de novos tempos; tão importante quanto foi 1928, onde os talkies fizeram decair o cinema mudo. 2012? Filmes filmados em 3D, ou convertidos para 3D, são os preferidos pelos tendenciosos blockbusters e comerciais e em breve (espero que não) pode tornar-se maioria nas salas de exibições. Além das novidades no mundo do cinema (um dos maiores símbolos dos EUA, além de meio difusor de cultura e ideologia) o fim da década de vinte do século XX tem em comum com o fim dos anos 2000 e início da década de dez do século XXI a crise do sistema capitalista.
 
How? O bem sucedido e conseqüentemente próspero George Valentin (o charmosíssimo Jean Dujardin) representa o ideal de cidadão americano: aquele que honestamente trabalha, sobretudo, de acordo com o interesse das elites estadunidenses. A personagem é um exemplo também da conduta do estadunidense em meio à crise, a decadência de sua carreira devido ao talkie acontece paralelamente a Depressão de 1929, sua personagem então sofre duas vezes mais e a solução se mostra com Peppy Miller, a personagem que possui todas as virtudes cultuadas ideologicamente nos heróis do cinema hollywoodiano, e representa a esperança em meio ao sofrimento causado pela crise. Em suma, George Valentin é o povo americano antes e durante ambas as crises, e Peppy Miller o modelo a ser seguido por eles em meio à instabilidade econômica.
 
Hazanavicius é simplesmente genial ao conseguir relacionar as duas crises metalinguagicamente (essa palavra existe? haha) no cinema, esse cara deveria estar escrevendo discursos políticos! Mas é muito mais interessante ganhar o Academy Awards inteligentemente e sapateando na nossa face haha. Como amante de cinema agradeço-o por me dar a oportunidade de ver um filme em preto e branco numa sala de cinema de verdade em 2012 e espero que, desta vez, a moda pegue e os filmes em 3D não dominem tanto.
 
O filme, Jean Dujardin e Uggie são um charme. Pra não falar da trilha sonora e da fotografia, fotografia esta que merecia o reconhecimento da Academia. The Artist é essencialmente francês e o cinema é essencialmente cinema ao mostrar que não é necessário sequer falar pra ser ator (atuar é essencialmente se expressar corporal e gestualmente), e nem de cores para ser considerado arte ou simplesmente um bom filme. Espero sinceramente que a moda pegue e que os roteiros se sobressaiam aos efeitos especiais e tecnologias. 

Trailer


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