sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Retrospectiva Literária 2011

Foto: Maiara Alves
Meu 2011 foi muito mais cinematográfico do que literário, este post é apenas uma continuidade da Retrospectiva de 2010 e uma "catalogação" do meu pequeno acervo (só 120 livros =/); espero ler mais livros na íntegra (li muitos capítulos aleatórios de livros de História por causa da faculdade) e poder escolher o que ler.

Meu acervo aumentou só um pouquinho, mas menos do que eu gostaria e teria aumentado se não fosse a confusão (leia-se: falta de rotina) que foi o meu 2011. Então, uma pequena lista dos meus favoritos.

  1. A Mulher do Viajante no Tempo - Audrey Niffenegger
  2. Especiais - Scott Westerfeld
  3. Tormenta - Lauren Kate
  4. Água Para Elefantes - Sara Gruen
  5. A Maldição do Titã - Rick Riordan
Bom, andei tão sem tempo que não me importei de emprestar meus livros (alguns eu acho até que não voltam mais), coisa que não costumo fazer já que morro de ciúme deles haha. Tá emprestado: A Menina que Roubava Livros - Markuz Zusak, A Pirâmide Vermelha - Rick Riordan, Mar de Monstros - Rick Riordan, A Maldição do Titã - Rick Riordan, Batalha do Labirinto - Rick Riordan, O Último Olimpiano - Rick Riordan, A Senhora do Jogo - Sidney Sheldon, 1822 - Laurentino Gomes, A Última Música - Nicholas Sparks, A Vida e Morte de Charlie St. Cloud - Ben Sherwood, Fallen - Lauren Kate, Tormenta - Lauren Kate... ufa, acho que só; se lembrar de mais algum eu reedito o post.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Michel Gondry - Eternal Sunshine of the Spotless Mind

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Eternal Sunshine of the Spotless Mind 
Direção: Michel Gondry 
Roteiro: Charlie Kaufman 
Ano: 2004/EUA
Gênero: Drama/Romance/Comédia
Elenco: Jim Carrey, Kate Winslet, Kirsten Dunst, Victor Rasuk, Mark Ruffalo, Tom Wilkinson, Elijah Wood

Sinopse: Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) formavam um casal que durante anos tentaram fazer com que o relacionamento entre ambos desse certo. Desiludida com o fracasso, Clementine decide esquecer Joel para sempre e, para tanto, aceita se submeter a um tratamento experimental, que retira de sua memória os momentos vividos com ele. Após saber de sua atitude Joel entra em depressão, frustrado por ainda estar apaixonado por alguém que quer esquecê-lo. Decidido a superar a questão, Joel também se submete ao tratamento experimental. Porém ele acaba desistindo de tentar esquecê-la e começa a encaixar Clementine em momentos de sua memória os quais ela não participa.

Opinião: Baixei esse filme há quase três anos e só hoje consegui vê-lo na íntegra (sempre quando começava, algo me impedia de terminar), e me pergunto, de novo, por que não vi esse filme antes? É meigo, triste, cruel, fofo, sagaz... tudo ao mesmo tempo. Jim Carrey sério e Kate Winslet, uma das minhas atrizes preferidas que sempre sabe o filme certo de trabalhar.

A primeira vez que vi Jim Carrey sério foi em Número 23 e, na época, lembro de ter demorado um pouco pra reconhecer o Carrey como Walter. Esse é um feito que poucos atores famosos conseguem - que não é nada mais que ser ator de verdade -, pois há atores que se interpretam o mesmo personagem, não conseguem se distanciar de outros ou simplesmente só conseguem interpretar o mesmo tipo. Não é o caso de Kate Winslet, Elijah Wood, Mark Ruffalo e Jim Carrey, principalmente este. Joel é instrospectivo, quase antissocial, bastante sério, totalmente o oposto de Clem que se mostra espontânea, engraçada e muito tagarela. Se conhecem se apaixonam, vão morar juntos, os problemas comuns de convivência aparecem, a relação desgasta, não se entendem, começam a brigar até terminar. Então Clem, e depois Joel, procuram a Lacuna pra apagarem um ao outro da memória.

O procedimento funciona por um tempo, mas sempre fica uma deixa - no subconsciente, imagino - que os fazem sentir falta de algo, e eles continuam atraídos um pelo outro mesmo depois de terem "esquecido" o companheir@. Seria maravilhoso se houvesse uma Lacuna Inc. mas não seria justo sacrificar todos os momentos e sentimentos bons por momentos e sentimentos ruins. As pessoas não são feitas apenas de qualidades, mas de, principalmente, "defeitos" ou qualquer coisa que não achamos certo, cabe ao companheir@ decidir se pode conviver com esses "defeitos" e se o sentimento é maior que eles. O filme é lindo e quero ver de novo.

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução

Quotes 

“Por que me apaixono por todas as mulheres que vejo que me dão um mínimo de atenção?”

“Falar sem parar não é necessariamente se comunicar.”

“Feliz é o destino da inocente vestal! Esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida. Brilho eterno de uma mente sem lembranças! Toda prece é ouvida, toda graça se alcança.”

“Não sou um conceito, sou só uma garota ferrada procurando por paz de espírito.”

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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Pedro Almodóvar - Carne Trémula

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Carne Trémula
Direção: Pedro Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar, Jorge Guerricaechevarría, Ray Loriga
Ano: 1997/Espanha
Gênero: Drama/Romance
Elenco: Javier Bardem, Francesca Neri, Liberto Rabal, Ángela Molina, José Sancho, Penélope Cruz, Mariola Fuentes

Sinopse: Vida de um entregador de pizza muda totalmente quando ele se apaixona por uma mulher, que acaba ficando com outro. Desesperado, ele acaba atirando no homem, aleijando-o, e vai preso. Quando sai da cadeia, uma rede de emoções volta à tona com vidas marcadas pelo passado. 

Opinião: Alguns consideram o melhor filme e o divisor de águas da carreira do cineasta, pra mim são as histórias mais apaixonadas que vi até hoje. O filme é sobre cinco pessoas que têm suas vidas entrelaçadas por amor e traição, e que estas mudam radicalmente suas vidas tendo como conseqüência paralisia de membros inferiores, cadeia e até a morte.

O mais interessante dos filmes do diretor são as reviravoltas e imprevisibilidade que suas personagens únicas vivem - além de situações inusitadas e como lidam com elas. Carne Trêmula é imprevisível não de uma forma chocante como Fale com Ela ou A Pele que Habito, mas sobre como algumas coisas que não contamos, segredos, podem ter um papel crucial - no caso de Almodóvar vital - na vida e o poder que exerce nela. Algumas coisas devem continuar mantidas em segredo, certo? O início do filme é um pouco assustador, o parto que é assustador na verdade, mas as tomadas são tão perfeitas que transformaram as dores de um parto natural dentro de um ônibus em plena Ditadura Militar em "poesia visual" e um presságio de que Victor não viria ao mundo só de passagem como na circunstância em que nasceu. 


Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução

Estou encantada com Javier Bardem - com o ator e sua personagem. David é intenso, apaixonado, às vezes impulsivo e ao mesmo tempo equilibrado. Obviamente não conheço Bardem, mas seu carisma é palpável e ele demonstra ter a mesma intensidade de David; seria interessante se ele, ao invés de Antonio Banderas, fizesse o Drº Roberto de A Pele que Habito. A cena em que Helena conta a David sobre a noite que passou com Victor me lembrou muito Closer (Mike Nichols), David e Larry se parecem muito física e psicologicamente, assim como Helena e Ana. Bom, dá pra ter uma idéia de onde Mike Nichols tirou inspiração para o cast, não?


Quotes

“Para tirar Helena da minha cabeça, comecei a trabalhar. E voltei a ler a Bíblia, como quando estava na prisão. Dia um: Deus criou a noite, para que os apaixonados não pudessem dormir. Criou a água para que caísse continuamente do teto dos mercados. E criou os peixes, não para encher os mares com eles, mas para eu tirá-los do caminhão antes do amanhecer. E, desse modo, não pensar em Helena e não enlouquecer.”

“Você é tão sincera que é insultante. O que você vai fazer agora?”
“Ficar, se não me mandar embora.”
“O que aconteceu? Não gosta de mim?”
“Não falei isso.”
“Então, porque diabos não vai ficar comigo?”
“Porque você precisa de mim mais do que ele.”

“Ninguém é dono da juventude nem das mulheres que ama.”

Trailer


segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Nicholas Sparks - Diário de Uma Paixão

Foto: Maiara Alves
The Notebook
Autor (a): Nicholas Sparks
Editora (Br): Editora Novo Conceito
Páginas: 242
Gênero: Literatura Estrangeira/Romance

Sobre: A história começa no início de outubro de 1946 quando dois jovens, Noah Calhoun e Allison Nelson, se conhecem e se apaixonam perdidamente. Tudo parece perfeito, quando a família de Allie a impede de continuar a vê-lo devido a enorme diferença de classe social entre os jovens. Allie e Noah, lutam para levar uma vida normal, mesmo estando distantes. Até que um artigo de jornal muda tudo e reacende um amor há 14 anos adormecido.

Opinião: Uma das perguntas para discussão no fim do livro é sobre o que faz de Diário de Uma Paixão, e dos demais livros do autor, campeões de venda em seu país de origem, Estados Unidos, e nos outros países em que os livros são publicados. Acredito ser a sensibilidade das histórias e a forma como Nicholas Sparks escreve que o faz popular, pois é maravilhoso e confortante saber que as pessoas acreditam no valor do próximo (seus livros vão além do amor conjugal - ele aborda amizade, família) e o mais incrível: o valor e os votos do casamento.

Vi o filme primeiro que o livro e, mesmo que isso tenha acontecido com você também, já que o livro foi publicado ano passado, não tem problema pois a história do Sparks gira em torno do reencontro de Noah e Allie - diferente do roteiro do filme em que as coisas acontecem quase em ordem cronológica. A história é sobre as coisas que realmente importam na vida, sobre aproveitar pequenas coisas como um chá na varanda lendo poesia e ouvir os animais, ou sobre um simples passeio no parque com quem gostamos, sobre paciência, compreensão, lealdade, amor, companheirismo. É doce e simples, muito simples e é essa a beleza das histórias do autor. Histórias simples e comuns que podem acontecer à qualquer pessoa de qualquer lugar do mundo independente de gênero, religião e classe social - não o passear no parque, mas as atitudes que as personagens tomam diante de uma doença como Mal de Alzheimer, por exemplo - quase consigo visualizar o Nicholas Sparks sentado numa escrivaninha pensando nas palavras certas ao descrever Noah pensando em Allie. 

Acredito que o autor tenha usado o Mal de Alzheimer para representar os males que envolvem a terceira idade - como os demais tratam os idosos, como os idosos se vêem, seu papel (ou falta de) numa sociedade em que os jovens são supervalorizados e os mais velhos desvalorizados, as dificuldades físicas que eles encontram, etc. - a doença por si é bastante metafórica. Noah passou a dar mais valor à vida e principalmente à Allie após a doença - um ato banal como dizer seu nome se torna quase uma bênção. A doença é cruel, rouba nossa memória e emoções. Imagina amar alguém por toda a vida e quase no fim essa pessoa esquecer de tudo?

Quotes

É a possibilidade que me faz continuar, não a certeza, uma espécie de aposta da minha parte. E embora você possa me chamar de sonhador, de tolo ou de qualquer outra coisa, acredito que tudo é possível. (Página 5)
As coisas da natureza davam mais do que tiravam, e os seus sons sempre o traziam de volta para aquilo que o homem deveria ser. Durante a guerra havia ocasiões, especialmente depois de uma batalha mais feroz, em que ele muitas vezes se punha a pensar nesses sons simples. “É isso que não vai deixar você enlouquecer”, disse seu pai no dia em que embarcara. “É a música de Deus, e é isso que vai trazer você de volta para casa.” (Página 10)

“O meu pai me contava que a primeira vez que a pessoa se apaixona muda a vida dela para sempre, e por mais que você tente, o sentimento nunca desaparece. Essa garota de quem você me falou foi o seu primeiro amor. E não importa o que você faça, ela vai ficar com você para sempre.” (Página 15)

“Só o verão acabou, Allie, nós não”, ele disse na manhã em que ela partiu. “Nós nunca acabaremos”. Mas acabaram. Por alguma razão que ele nunca pôde entender completamente, as cartas que escreveu ficaram sem resposta. (Página 24)

Não eram apenas os versos ou a voz dele que a deixavam emocionada. Era tudo junto, o todo maior que a soma das partes. Ela nem tentava entender, não queria, porque a poesia não tinha sido feita para ser ouvida dessa maneira. A poesia, pensava ela, não foi escrita para ser interpretada ou analisada – foi feita para inspirar sem motivo, para emocionar sem entendimento. (Página 71)

Você é a resposta para todas as minhas orações. Você é uma canção, um sonho, um murmúrio, e não sei como consegui viver sem você durante tanto tempo. Eu amo você, Allie, mais do que você é capaz de imaginar. Sempre te amei e sempre vou te amar. (Página 127)
Você não pode viver a sua vida para os outros. Você tem de fazer o que for certo para você, mesmo que isso machuque as pessoas que você ama. (Página 141)

A poesia traz grande beleza à vida, mas também uma grande tristeza, e não sei ao certo se é uma troca justa para alguém da minha idade. Se puder, um homem deve desfrutar de outras coisas; deve passar seus últimos dias ao sol. Os meus vou passar debaixo de uma lâmpada de leitura. (Página 158)


O crepúsculo, percebi então, é apenas uma ilusão, porque o sol está ou acima ou abaixo do horizonte. E isso quer dizer que o dia e a noite estão ligados de uma tal maneira como poucas coisas estão – um não pode existir sem o outro, porém ambos não podem existir ao mesmo tempo. Qual seria a sensação, eu me lembro de ter especulado, de estar sempre juntos, porém eternamente separados? (Página 176)

E aprendi o que para uma criança é óbvio. Que a vida é simplesmente uma coleção de pequenas vidas, cada uma vivida um dia de cada vez. Aprendi que devemos viver cada dia encontrando beleza nas flores e na poesia e conversando com os bichos. Que não há nada melhor do que um dia com sonhos, pores do sol e brisas refrescantes. Mas, acima de tudo, aprendi que a vida é me sentar em bancos junto a riachos antigos com a minha mão sobre o joelho dela, e às vezes, nos dias bons, me apaixonar. (Página 181)


Eu tentava sentir o toque dela, ouvir sua voz, ver seu rosto, e fazia isso com lágrimas nos olhos, porque não sabia se conseguiria voltar a abraçá-la outra vez, sussurrar no seu ouvido, passar o dia lendo para ela e passeando com ela de braços dados. (Página 199)



sábado, 24 de dezembro de 2011

Woody Allen - Annie Hall

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Annie Hall
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Ano: 1977
Gênero: Comédia
Elenco: Woody Allen, Diane Keaton, Tony Roberts, Carol Kane, Paul Simon, Janet Margolin, Shelley Duvall, Christopher Walken, Colleen Dewhurst

Sinopse: Alvy Singer (Woody Allen), um humorista judeu e divorciado que faz análise há quinze anos, acaba se apaixonando por Annie Hall (Diane Keaton), uma cantora em início de carreira com uma cabeça um pouco complicada. Em um curto espaço de tempo eles estão morando juntos, mas depois de um certo período crises conjugais começam a se fazer sentir entre os dois.

Opinião: A sensação que eu tenho é que, com exceção de Match Point e de todos os outros filmes que não vi, é que todos os personagens masculinos se tratam do próprio Woody Allen. Neste momento (bem capaz de eu mudar de idéia daqui a algum tempo), vou opinar contra a maioria questionando o motivo de tanta exaltação em torno do diretor, e pessoalmente, acho que não gosto mais de seus filmes – apenas das risadas e alguma quotezinha aqui e acolá.  

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução

Alvy, como o próprio título brasileiro do filme diz, é um cara neurótico além de bastante esnobe culturalmente. Reclama de tudo o tempo todo, chato pra caramba, cheio de manias e mais um monte de “qualidades” que todos nós temos, bem verdade. Pessoas como ele vão ao cinema pra achar alguma coisa errada no filme e criticar negativamente – se exibir, como o cara na fila do filme atrás dele. Particularmente pessoas assim me irritam. Também sendo um pouco esnobe - culturalmente falando - prefiro filmes que, apesar de todas as dificuldades e problemas que a vida nos apresenta nos mostre que apesar de todas as coisas ruins ela é bonita se olharmos através de uma determinada perspectiva.

O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Jeunet), Acossado (Godard), Lisbela e o Prisioneiro (Guel Arraes) – principalmente deste diretor, de todos os filmes que já vi – são filmes que mostram essa perspectiva. Quero comprar um bilhete, dispor de duas horas do pouco tempo que tenho, me deslocar pra um shopping cheio e pegar fila pra esquecer os problemas e não relembrá-los ou ouvir problemas alheios – não, eu não tenho aquela sensação bizarra de me sentir bem com as desgraças alheias. Quero um estímulo pra seguir em frente com as complicações da vida, quero que o processo ideológico seja este, uma ilusão da ilusão, que em duas horas de filme em toda sua conjuntura (imagens, personagens, trilha sonora) consumir ao menos visualmente o que foi tirado de mim, de nós. Acho que é essa a arte que a nossa sociedade precisa, não acredito nela como um meio de protesto ou crítica - pelo menos não hoje. Não é acomodação, só não acredito que as coisas possam mudar (apenas nós mesmos, mas é tão difícil isso acontecer com a maioria, então...).

É preciso levar em consideração o contexto de cada um e respeitar opiniões, Woody Allen não agrada a todos e percebi me encaixo nessa, aparentemente, minoria. Que bom, sempre fui minoria mesmo e adoro a sensação de normalidade, talvez como o Alvy. É divertido, sempre ri em todos os seus poucos filmes que vi, mas a sensação de vazio quando o filme termina sempre está lá junto com as frustrações de suas personagens. É claro que isso não acontece quando vejo os filmes de Almodóvar... longa história. 


Quotes

“Tem andado deprimido. De repente, não consegue fazer nada.”
“Por que está deprimido, Alvy?”
“Diz ao Dr. Flicker. Foi uma coisa que ele leu.”
“Ah, uma coisa que leu?”
“O Universo está se expandindo.”
“O Universo está expandindo?”
“O Universo é tudo. Se está a se expandir, qualquer dia arrebenta e é o fim de tudo.”
“O que você tem a ver com isso?”
“Sempre achei os meus colegas uns idiotas.”
“Você é tão egocêntrico que se falto à minha análise só pensa em como isso te afeta.”
“Por que reduz meus instintos animais a categorias psicanalíticas?”
“O sol é mau. Tudo que nossos pais diziam ser bom é mau. Sol, leite, carne vermelha, Universidade.”
“A fotografia é interessante porque é uma nova forma de arte e o conjunto de seus critérios estéticos ainda não emergiu.”
“Critérios estéticos? Quer dizer se a fotografia é boa ou não?”
“O meio entra nela como uma condição da arte em si mesma.”
“Bem para mim é, quer dizer... é tudo instintivo, sabe? Só tento sentir. Tento sentir a coisa e não pensar muito no que faço.”
“Não zombe da masturbação. É sexo com alguém que eu amo.”
 “O que queriam? Foi minha primeira peça. Sabem como é querer que as coisas saiam perfeitas na arte por que a vida é bem difícil.”

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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

J. R. Ward - Amante Liberto

Foto: Maiara Alves
Lover Unbound
Autor (a): J. R. Ward
Editora Br: Universo dos Livros
Páginas: 525
Gênero: Literatura Estrangeira/Terror

Sobre: Nas sombras da noite em Caldwell, Nova York, a guerra explode entre vampiros e seus assassinos. Há uma Irmandade secreta, sem igual, formada por seis guerreiros vampiros, defensores de sua raça. O coração gelado de um predador será aquecido mesmo contra a sua vontade... Destemido e brilhante, Vishous, filho de Bloodletter, possui uma maldição destrutiva e a capacidade assustadora de prever o futuro. Criado no campo de guerra de seu pai, ele sofreu maus tratos e abusos físicos e psicológicos. Membro da Irmandade, ele não se interessa por amor nem emoção, apenas pela batalha com a Sociedade Redutora. Mas quando uma lesão mortal faz com que fique sob os cuidados de uma cirurgiã humana, a Dra. Jane Whitcomb, ele é levado a revelar a dor que esconde e a experimentar o verdadeiro prazer de pela primeira vez... Até que o destino, que V. não escolheu, o leva para um futuro do qual Jane não faz parte.

Opinião: Terminei o livro na segunda-feira (19/12), mas fiquei com preguiça de comentar aqui, até agora foi o livro menos empolgante da série. Em Amante Revelado, o quinto do livro da série da Irmandade da Adaga Negra de J. R. Ward acontece a transição de três dos futuros principais novos guerreiros da irmandade, o ritual do Primaz, mais uma relação entre guerreiro e humana e mais segredos revelados sobre a Virgem Escriba.

J. R. Ward fugiu do seu próprio clichê ao quase excluir os redutores desta parte da história, mas teria ousado positivamente se houvesse de verdade uma história entre Vishous e Butch, seria interessante, pra mim pelo menos que tenho uma idéia apenas midiática de homossexualidade. As mocinhas da autora, graças, não são monótonas, até mesmo Marissa e a fêmea de Rhage, que esqueci o nome agora, têm autonomia e poder efetivo sobre seus machos. É, os vampiros da Jessica Bird são animais por isso são tratados como macho e fêmea, não homem e mulher como comumente acontece em outras séries.

Um dos personagens mais interessantes da série é John que, neste livro, finalmente passa por sua transição e está perto de se tornar um guerreiro. John ainda sente falta de Tohr e Wellsie já que ambos preencheram o espaço de pais na vida dele, Wellsie foi morta por redutores e Tohr não suportando a morte de sua Shellan sumiu no mundo – fala sério, por isso que digo que os animais são racionais, não nós. John ainda tem seus amigos e problemas com Lash, uma amizade promissora com Zsadist e uma atração bizarra pela segurança do ZeroSum.

Phury, irmão gêmeo de Zsadist também tem se mostrado um personagem interessante devido às reviravoltas de suas atitudes que, até então, não condiziam com sua personalidade. Phury manteve o celibato até encontrar seu irmão – que era escravo de sangue – e se apaixonar por sua fêmea que está lutando para sobreviver à gravidez. Devido ao grande número de redutores e a escassez de guerreiros pra combatê-los a Virgem Escriba decide que seu filho, Vishous, seja o primaz e reproduza guerreiros junto com as Escolhidas No Outro Lado. Depois de muitos acontecimentos, Phury se oferece como Primaz para não mais ter que conviver com Bella e Zsadist e tentar seguir em frente. Bom, não foi mostrado quase nada do ritual e fiquei pensando como Cormia - que acredito ser a fêmea de Phury - vai lidar com as outras Escolhidas e esse monte de criança, tô ansiosa pra ler Amante Consagrado e ver o que acontecerá com eles.

Este livro não empolgou porque nos outros, pelo menos, houve um enfoque maior no “casal da vez” e neste a autora foi remendando histórias pendentes de outros personagens que acabou por misturar as histórias, fazendo de Jane e Vishous apenas uma das várias histórias contadas e Amante Liberto uma continuação de Amante Desperto e Amante Revelado. Geralmente sou bem holística com as coisas, mas acho que esta série em especial tem que haver rupturas de personagens pra ficarem coerentes com os títulos, as histórias devem ser contadas separadamente dentro do grande conflito da história que, no caso, seria a luta da sobrevivência da raça contra os redutores e a história ainda não contada, em detalhes, da criação de Ômega e da Virgem escriba. 


Quotes

- Os destinos não são escolhidos, eles são cumpridos...
 (pág 51)

- Você é abençoado, não amaldiçoado.
- É mesmo? Experimente viver assim.
- Poder exige sacrifício.

(pág 53)

 No tabuleiro de xadrez de sua miserável vida, as peças estavam alinhadas, a partida havia sido reorganizada. Cara, quantas vezes na vida não conseguimos definir nosso caminho porque ele é decidido sem que possamos escolher?
O livre-arbítrio realmente era história para boi dormir.

(pág 81)

- Ele disse que a esposa dele ficou feliz em vê-lo quando acordou. Sarah está lhe preparando uma canja de galinha.
- Ótimo. Ele precisa de um tempo de descanso. Pena que não vai aproveitá-lo.
- Sim. Ele disse que ela o faria assistir a todos os filmes românticos que eles perderam nos últimos seis meses.
Jane riu.
- Isso vai deixá-lo mais doente.

(pág 88 e 89)

Ele gostaria de ser nobre o suficiente para dizer que se sentia grato por ter conhecido Tohr e Wellsie, mas era mentira. Desejava que nunca os tivesse conhecido. Tê-los perdido era muito mais doloroso do que sentia antes, quando era sozinho.

(pág 121)

- Você acha que ela vai querer ajudá-lo depois de tê-la seqüestrado? O juramento de Hipócrates não cobre essa parte.

(pág 131)

Sim, tudo bem, talvez ela o observasse por um motivo que ia além da vontade de impedir que ele ateasse fogo ao carpete e se queimasse junto: suas costas eram maravilhosas, os músculos grandes, mas ainda assim elegantes, espalhando-se pelos ombros e na extensão de sua coluna. E suas nádegas eram...
Jane cobriu os olhos e só abaixou a mão quando a porta fechou. Depois de tantos anos de medicina e cirurgia, ela conhecia bem a parte do juramento de Hipócrates que diz “não vou flertar com os pacientes”. Principalmente se o paciente em questão for seu seqüestrador. Deus. Ela estava realmente vivendo aquilo?

(pág 183)
- Não quero que você chegue perto desta minha mão. Mesmo que esteja com a luva.
- Por que?...
- Não vou falar sobre isso. Por isso não pergunte.
Ceeerto.
- Ela quase matou uma de minhas enfermeiras, sabia?
- Não me surpreenderia. – Ele olhou para a luva. – Eu a cortaria fora se pudesse.
- Não aconselho isso.
- É claro que não. Você não sabe como é viver com este pesadeloo na ponta do braço.
- Não, quero dizer que eu pediria a outra pessoa que cortasse, se eu fosse você. Assim fica fácil fazer o serviço.

(pág 186)

- Fique bem, Bella.
Quando ele se virou, ela segurou sua mão.
- Obrigada. Por não ter ficado chateado comigo.
Por um momento, ele fingiu que aquele bebê era seu e que ele podia abraçá-la, acompanhá-la ao médico e cuidar dela.

(pág 196)

- Ainda bem que não é um torcedor dos Yankees.
- Não diga essa palavra. Estamos na presença de damas.

(pág 214)

- Não, porque não importa para mim o que você é. Estou contigo independente de você gostar de macho, fêmea ou os dois.
V. olhou nos olhos do melhor amigo e percebeu ... sim, ele não o julgaria. Eles se entendiam independentemente de qualquer outra coisa.
(...)
- Como eu disse, meu amigo, não importa. Você e eu, a mesma coisa de sempre independentemente do que me disser. Mas... se você curtir também uns animais, aí sim vai ser difícil. Não sei se consigo lidar com isso.

(pág 226)

- Você teria sido uma grande guerreira, sabia?
- Eu sou... a morte é minha inimiga.
- Sim, eu sei. – Deus, fazia muito sentido o fato de ele ter se aproximado dela. Jane era uma guerreira... como ele. – Seu bisturi é a sua adaga.
- Sim.

(pág 279)

- Não quero que você vá – ela sussurrou, com lágrimas embargadas.
Ele colocou a mão sem luva no rosto dela e sentiu a maciez e o calor de sua pele. Sabia que quando saísse dali, deixaria seu coração com ela. Sim, algo bateria atrás de suas costelas para manter o sangue em circulação, mas seria apenas uma função mecânica a partir daquele momento.
(...)
- Eu te amo. E vou continuar amando mesmo depois de você não saber que eu existo.

(pág 342 e 343)

- Não me importa que você estava armado. Na verdade, quero que você sempre carregue uma arma quando for ao ZeroSum.
John olhou para o irmão, assustado. Mas é contra as regras.
- Tenho cara de quem se preocupa com essas drogas?
John esboçou um sorriso. Não muito.

(pág 349)

- Um livro fechado não altera a tinta em suas páginas. O que é, é.

(pág 363)

- Estava? Estava? Meu Deus, não acredito que você não me quer mais! – Ele jogou um braço diante dos olhos, fazendo drama. – Meus sonhos para o nosso futuro acabam de ser arruinados...
- Para com isso, tira.
Butch olhou por cima do braço.
- está brincando? O reality show que planejei seria fantástico. Duas mordidas são melhores que uma. Íamos ganhar milhões.
- Caramba, cala a boca...

(pág 383 e 384)

Assim que ele saísse, iria para a casa de Jane e faria coisas românticas. Ainda não sabia o quê, talvez levasse flores ou qualquer outra coisa. Bem, as flores a instalação do sistema de segurança. Afinal, nada demonstrava mais amor do que uma parafernália de detectores de movimentos.

(pág 459)

Abrir mão era aceitar o que não podia ser mudado. Você não pode se segurar na esperança de que algo mudará os acontecimentos... também não deve lutar contra as forças superiores do destino para tentar moldá-las ao seu desejo... e nem implorar por salvação por achar que sabe como as coisas podem ficar melhores. Abrir mão significa olhar o que está na sua frente com olhos lúcidos, reconhecendo que a livre escolha é a exceção, e o destino, a regra.

(pág 491)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Julie Taymor - Frida

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Frida
Direção: Julie Taymor
Roteiro: Hayden Herrera, Clancy Sigal, Diane Lake, Gregory Nava, Anna Thomas
Ano: 2002/EUA - Canadá
Gênero: Biografia/Drama/Romance
Elenco: Salma Hayek, Alfred Molina, Valeria Golino, Mía Maestro, Roger Rees, Diego Luna, Patricia Reyes Spíndola, Margarita Sanz, Geoffrey Rush, Ashley Judd, Antonio Banderas, Lila Downs 

Sinopse: Frida Kahlo (Salma Hayek) foi um dos principais nomes da história artística do México. Conceituada e aclamada como pintora, ele teve também um casamento aberto com Diego Rivera (Alfred Molina), seu companheiro também nas artes, e ainda um controverso caso com o político Leon Trostky (Geoffrey Rush) e com várias outras mulheres.

Opinião: Confesso que tinha uma visão (leiga antes e depois do filme) de uma Frida mais temperamental, no filme a impressão que passaram foi de uma Frida passional, que agia de acordo com seus sentimentos e que era essa a beleza das suas obras, como dizia Rivera, a diferença entre ele e Frida é que ela pintava com o coração, de acordo com suas emoções e para si. Ela não se preocupou em expor suas obras e foi bastante modesta com elas, e acredito que todos nós devíamos seguir seu exemplo.

Nunca entendi bem porque os grandes pensadores, artistas e pessoas notáveis sofriam tanto. Além de sofrer as conseqüências de ir contra os dominantes, é claro, acredito que o sofrimento maior tenha sido pessoal, ter consciência dos problemas que afligem o ser humano e a sociedade e não poder fazer muita coisa para reverter isso deve causa no mínimo uma úlcera. Frida manifestou estes sentimentos materialmente, e como digo sempre, isso vai muito além de qualquer interpretação e análise estilística de qualquer crítico e é este o exemplo que devemos seguir dela, viver de acordo com nossas emoções e não reprimi-las para “pensarmos racionalmente” como nos é imposto, devemos pensar emocionalmente, para assim podermos ser livres.

Não sei se alguém vai entender e posso estar falando besteira já que não sei nada sobre a vida, mas pelo pouco que sei, hoje, e nesses poucos dezenove anos e levando em consideração todo o meu contexto, a filosofia foi afastada da história (em teoria, é claro) e a emoção afastada do ser humano como ser social para nos reprimir. Emoção é liberdade. Chorar, gritar, cantar, espernear, sorrir, falar, são emoções que fazem parte de nós, reprimindo-as retardam o pensamento. Frida sentiu e não se importou com as convenções sociais, por isso sua obra é tão aclamada.

Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução
Imagem: Google Imagens/Reprodução

Trotsky, Frida, Rivera e outras pessoas notáveis numa mesma sala conversando sobre a situação em que o mundo estava, me fez pensar onde estão e o que fazem agora os grandes pensadores da nossa época, dos anos dez do século XXI. Não os exaltados pela mídia, mas os que agem como topeiras, ali quase que por “debaixo do pano” e que não conhecemos por desconhecimento da causa ou por não estarmos no círculo social ou termos os amigos certos.

Pretendo ler um livro confiável sobre Frida pra entender e saber melhor sua relação com Trotsky – passei três meses ouvindo sobre ele no Lemarx e me assustei com o filme, sério. Também quero conhecer melhor o Riviera, achei muito estranho um comunista, como ele próprio se rotulava quase que exaltando NYC e todo EUA. Mesmo não conhecendo a história de Frida e de Rivera, achei o filme tendencioso a começar pelo idioma que deveria ser o original e pelo elenco – tenho pavor de atores famosos em filmes biográficos.

Quotes

“Prefiro ter um inimigo inteligente que um amigo estúpido.”
“Essa é a realidade do socialismo. Matar quem não está de acordo.”
“Sempre morre alguém em uma revolução.”
“Por isso que prefiro a evolução; educar os pobres, mobilizar os trabalhadores. Claro, você com sua revolução matariam a metade dos pobres para conseguir o que quer.”
“Você é um comunista que se enriquece pintando para o governo e ricos mercenários.”
“Os ricos devem ter bom gosto.”
“Não, os ricos não têm bom gosto, pagam alguém para que o tenham em seu lugar. Eles não lhe contratam porque é bom, e sim para diminuir o seu sentimento de culpa. Lhe usam Diego, e você é muito inocente para perceber.”
“Não quero, não podia crer, esta gente é idiota. Gritam contra a agressão de Hitler e aplaudem a Stalin. Não são a mesma criatura?”
“Sim, mas não exatamente. Claro que os dois são monstros, mas, ao menos, Hitler é um homem com uma visão.”
“Visão? Está louco!”
“É claro que está louco, mas tem a habilidade de manejar a mente do povo enquanto que Stalin é um alienado. Tem brutalidade, mas se o analisarmos a fundo Stalin nada mais é que um burocrata e é isso que sufoca nossa revolução. São parecidos, porque estão possuídos pela loucura do poder.”
“Sua obra é ácida e terna. Dura como o aço e livre como as asas de uma mariposa. Amável como um sorriso e cruel como a amargura da vida. Pode ser, mas não creio que nenhuma mulher tenha plasmado tanta poesia em uma tela.”
“Espero que a saída seja alegre e espero nunca mais regressar.”

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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Jean-Luc Godard - À Bout de Souffle

Imagem: IMDB
À Bout de Souffle
Direção: Jean-Luc Godard
Roteiro: Jean-Luc Godard, François Truffaut
Ano: 1959/França
Gênero: Policial
Elenco: Jean-Paul Belmondo, Jean Seberg, Daniel Boulanger, Jean-Pierre Melville

Sinopse: Após roubar um carro em Marselha, Michel Poiccard (Jean-Paul Belmondo) ruma para Paris. No caminho mata um policial, que tentou prendê-lo por excesso de velocidade, e em Paris persuade a relutante Patricia Franchisi (Jean Seberg), uma estudante americana com quem se envolveu, para escondê-lo até receber o dinheiro que lhe devem. Michel promete a Patricia que irão juntos para a Itália, no entanto o crime de Michel está nos jornais e agora não há opção. Ele fica escondido no apartamento de Patricia, onde conversam, namoram, ele fala sobre a morte e ela diz que quer ficar grávida dele. Ele perde a consciência da situação na qual se encontra e anda pela cidade cometendo pequenos delitos, mas quando é visto por um informante começa o final da sua trágica perseguição.

Opinião: Liberdade. Liberdade foi a sensação que tive durante todo o filme desde dirigir em alta velocidade, matar alguém, falar sozinho, roubar, mentir, pensar o que diz e amar e ser morto pela pessoa que se ama. Eu não disse que, provavelmente, alguém da Nouvelle Vague me venderia Paris? Godard o fez.

Michel Poiccard fez pelo menos uma coisa que todo mundo gostaria ou já pensou em fazer, e isso é liberdade. Durante toda a nossa vida tivemos o desejo de matar alguém, de roubar um carro, dizer tudo o que pensa e todas aquelas outras coisas que o Poiccard faz no filme aparentemente sem remorso algum – até na morte o cara estava “de bom humor”. E ele é um charme! Não é bonito como o próprio diz (no fim me apaixonei por ele, juro), mas tem muito charme, principalmente quando passa o dedo nos lábios.

Imagem: IMDB
Imagem: IMDB
Imagem: IMDB

É romântico e engraçado, mas romântico e engraçado com um conceito totalmente diferente do que eu costumava achar as comédias românticas dos anos ‘90 e ’00, por exemplo. A polícia de Paris é engraçada, os olhares, as caretas e até as “maldades” que o Michel diz à Patrícia é romântico, doce, meigo. As quotes são quase todas interessantes de destacar, me controlei pra não escrever todas aqui e, pelo que andei lendo na internet, a versão legendada que eu baixei está um pouco diferente das outras, mas o sentido é quase o mesmo.

Boa parte do filme se passa em Paris, que funciona como plano de fundo para a fuga de Michel e sua história com Patrícia. Sem tal pretensão, ou não, o diretor vende sem muito esforço uma imagem de fato lúdica da capital francesa - e os cafés? Coisa linda! Ultimamente (culpa de História, na verdade) venho desconstruindo o conceito, no qual fui educada pela mídia e seus processos ideológicos, de que apenas as manifestações artísticas bem elaboradas artificialmente são bonitas e boas, tenho aprendido que a verdadeira beleza está quase que exclusivamente nas coisas naturais. Godard me vendeu Paris no exato momento em que ao filmar o trajeto de Patrícia de volta ao seu hotel a Tour Effeil aparece ao fundo como quem não quer nada.

Foto: Maiara Alves

Acossado é tão simples e natural quanto o preto e branco comum no início da história do cinema, mas com um roteiro, tomadas e diálogos que não vemos com toda a tecnologia de hoje. É lindo não só por causa do ilustríssimo – parafraseando José Dias – Jean-Luc Godard ou por ser um dos mais comentados filmes da Nouvelle Vague, isso é apenas um detalhe muito importante haha, mas principalmente por ser simples e conseqüentemente lindo e nos despertar sensações agradáveis, sorrisos meigos como os de Patrícia ou as caretas espontâneas do Michel. 


Quotes

“No fundo sou burro, mas tem que ser.”
“Se não gosta do mar, se não gosta da montanha. E se não gosta da cidade... então que o diabo te carregue!”
“Não posso viver sem você.”
“Pode, sim.”
“Sim, mas não quero.”
“Não sei se estou triste por não ser livre, ou se não sou livre por estar triste.”
“O que quer dizer “em breve”? Um mês, um ano?”
“Em breve quer dizer breve.”
“As mulheres nunca querem fazer em oito segundos o que querem fazer oito dias mais tarde. Oito segundos ou oito dias são a mesma coisa. E por que não logo oito séculos?”
(...)
“Há qualquer coisa em você que eu amo, mas não sei o quê. Quero que sejamos como Romeu e Julieta.”
“Isso são mesmo idéias de mulher.”
“Está vendo! No carro disse que não podia viver sem mim! Mas pode! O Romeu não podia viver sem a Julieta, mas você pode.”
“Não, não posso viver sem você.”
“Isso é mesmo coisa de homem.”
“Sorria para mim. Vou contar até oito. Se até lá não sorrir, eu te esgano.”
“Entre o sofrimento e o nada, escolho o sofrimento.”
“O que você escolheria?”
“Sofrer é idiota. Prefiro o nada. Não é muito melhor, mas o sofrimento é um compromisso. Quero tudo ou nada. É o que sei agora, definitivamente.”
“Nós nos olhamos nos olhos e não serve de nada.”
“Me espelho nos seus olhos.”
“Qual é a sua grande ambição na vida?”
“Tornar-me imortal e, depois, morrer.” 
“No instante de um beijo o tempo é nulo. Ilusão, ilusão. A memória é uma garantia em pedaços.”
(...)
“Nenhum drama é tão perigoso e magnético. Nenhum detalhe pode tornar nosso amor patético.”
 “Dormir é triste. O sono obriga as pessoas a se separarem. Se diz ‘dormir juntos’ mas não é verdade.”
“Não quero estar apaixonada por você! Por isso telefonei para a polícia. Fiquei porque queria ter a certeza se estava ou não apaixonada por você. O fato de ser tão má para você prova que não estou apaixonada.”
“Repete isso!”
“O fato de ser tão má para você prova que não estou apaixonada.”
“Prova que não há amor feliz.”
“Se eu te amasse...”
“Se eu te amasse...”
“É muito complicado.”
“Pelo contrário, não há amores infelizes.”
“Não quero que falem de mim.”
“Não acredito na independência. Mas sou independente.”
“Talvez me ame.”
“Acha que me ama, mas não ama.”
“Por isso te denunciei.”
“Sou superior a você.”
“Para ser obrigado a fugir.”
“Não bate bem da bola. Essa argumentação é lamentável. Como as mulheres de que dormem com todo mundo, menos com aquele que as ama. Argumentando que dormiram com outras pessoas.”
“Por que não vai embora? Dormi com muitos, não deve contar comigo. Vai, Michel! Está esperando o quê?”

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